Título: Divergências entre Niemeyer e Lula atrasam obras no Palácio do Planalto
Autor: Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 13/07/2008, O País, p. 17

Presidente manda emissários ao Rio para negociar reforma com arquiteto.

BRASÍLIA. De um lado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já reclamou publicamente dos carpetes do Palácio do Planalto. De outro, o autor do projeto, arquiteto Oscar Niemeyer, que gostaria de manter as características originais do prédio, inaugurado em 1960. Divergências dessa natureza - que obrigaram o presidente a mandar assessores de confiança ao Rio para negociar com Niemeyer - deverão atrasar em pelo menos um mês o início da restauração do Palácio do Planalto. A previsão inicial do governo era lançar neste mês a licitação, mas isso só ocorrerá em agosto.

O escritório de Niemeyer foi contratado por R$1,069 milhão para fazer o projeto arquitetônico da reforma, que está sendo concluído. Somente depois da conclusão dessa proposta e dos projetos elétrico, hidráulico e de segurança, será feita a licitação para escolher a empresa responsável pela reforma.

Entre os argumentos contra a troca dos carpetes por mármore está o de que isso aumentaria o barulho, especialmente no mezanino do terceiro andar, onde fica o gabinete do presidente. O governo convenceu a equipe de Niemeyer de que a manutenção dos carpetes é mais cara e difícil. O próprio presidente contou que, numa mudança nos gabinetes dos ministros palacianos, foi constatado que havia mais de uma camada de carpete de diferentes cores. Lula também reclamou das manchas no piso.

Niemeyer foi convencido a aceitar a mudança do piso, mas não abriu mão do calçamento de pedras portuguesas na área externa do Palácio. A calçada no entorno do prédio, que já sofreu vários remendos e tem partes diferentes, terá de ser nivelada e colocada no mesmo padrão.

- (A reforma) É uma coisa interna para atender as conveniências de trabalho. O que tem de ser feito é simples, é uma coisa ligeira, nada de especial - afirmou Niemeyer ao GLOBO, evitando polêmicas.