Título: Alunos de 8ª série superam os de ensino médio
Autor: Weber, Demétrio
Fonte: O Globo, 13/06/2008, O País, p. 13

Desnível ocorre em matemática e leitura; para o MEC, quem estudou mais anos deveria ter notas mais altas

Demétrio Weber

BRASÍLIA. Apesar da maior escolaridade, estudantes do 3º ano do ensino médio de 13 estados tiraram notas mais baixas do que os alunos de 8ª série de outras unidades da federação. É o que mostram os resultados da Prova Brasil e do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), um dos pilares do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) divulgado anteontem pelo Ministério da Educação.

O maior desnível ocorreu no teste de matemática, em que os estudantes do 3º ano do ensino médio de 13 estados foram pior do que alunos da 8ª série do Distrito Federal. Os da Bahia atingiram 261,3 pontos, na escala até 500. Menos do que os 263,59 dos concluintes do ensino fundamental no DF. No Maranhão, as turmas de ensino médio somaram só 239,90.

A comparação só é possível porque o Saeb e a Prova Brasil utilizam uma escala única, de 0 a 500 pontos. Algumas das questões são as mesmas tanto para as turmas de ensino médio quanto as de 8ª série (9º ano, onde o ensino fundamental já dura nove anos).

O Ministério da Educação entende que os concluintes do nível médio deveriam tirar notas mais altas, já que, em tese, deveriam ter aprendido mais. Não é o que ocorre na prática. Além da Bahia e do Maranhão, o problema foi verificado no Amazonas, Alagoas, Tocantins, Amapá, Pará, Sergipe, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Roraima e Paraíba. Em todos eles, o ensino médio perdeu para a 8ª série do DF.

No Amazonas e no Maranhão, as turmas de ensino médio ficaram com menos pontos do que os colegas de 8ª série de nove estados, entre eles Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo. Situação semelhante ocorreu em Tocantins, um dos estados que conseguiram melhorar o Ideb a ponto de atingir as metas fixadas para 2007 e 2009. A pontuação do ensino médio de Tocantins em matemática ficou abaixo da média dos alunos de 8ª série de sete estados.

Em provas de leitura, também houve disparidade

As notas levam em conta o rendimento das escolas públicas e particulares em todo o país. Oito dos 13 estados que tiveram turmas de nível médio superadas pelas de 8ª série de outras unidades da federação enfrentaram o mesmo problema em leitura.

Em Pernambuco, os concluintes do ensino médio obtiveram 246,49 pontos no teste de português. Isso é menos do que conseguiram os alunos da 8ª série do DF: 247,51 pontos. O desnível repetiu-se no Pará, Tocantins, Alagoas, Piauí, Sergipe, Maranhão e Amazonas - esse último com apenas 238,21 pontos.

O Ideb orienta o Plano de Desenvolvimento da Educação, com metas a cada dois anos, até 2021, quando o governo espera que o Brasil atingirá o padrão de ensino que os países desenvolvidos tinham em 2003. O Ideb é calculado com base em dois indicadores: os resultados do Saeb/Prova Brasil e as taxas de aprovação, que revelam a repetência e a evasão.

Nas médias nacionais, deu a lógica: os alunos de ensino médio foram melhor do que os de 8ª série em leitura (261,39 a 234,64) e matemática (272,89 a 247,39).