Título: Bilhetes em vez de computador para recados
Autor: Brígido, Carolina ; Suwwan, Leila
Fonte: O Globo, 29/05/2008, O Globo, p. 33

Nove meses após terem sido flagrados combinando votos no sistema de informática do STF, os ministros da mais alta Corte do país ainda carregam consigo o trauma da experiência, vivida no julgamento do mensalão. Ontem, enquanto traçavam o destino das pesquisas com células-tronco embrionárias, os ministros evitaram o uso do computador e redescobriram uma antiga forma de comunicação: os bilhetes. Desta vez, tomaram o cuidado de se aterem a comentários inofensivos, sem caráter de juízo sobre o voto.

O primeiro a usar o recurso foi Celso de Mello, que enviou um recado às colegas Ellen Gracie Northfleet e Cármen Lúcia Antunes Rocha. Tratava-se de uma reflexão sobre o tema discutido: "O nascituro é a humanidade de amanhã". O mesmo pedaço de papel foi enviado a Carlos Ayres Britto. Em seguida, efusivo com o voto de Cármen em defesa das pesquisas, não resistiu e lhe enviou outro torpedo: "Professora Cármen, belíssimo voto! E importante, também", derramou-se.

Ellen Gracie e Eros Grau preferiram levar seus laptops, com telas menores que o padrão, menos suscetíveis aos fotógrafos. Carlos Alberto Direito não teve medo de usar o laptop do tribunal. Ricardo Lewandowski também manuseou o computador tradicional, com cautela. (Carolina Brígido, Leila Suwwan e Roberto Stuckert Filho).