Título: 14 presos por crime ambiental
Autor: Rocha, Leonel
Fonte: Correio Braziliense, 12/05/2009, Brasil, p. 11

OPERAÇÃO CUPIM

Ação da PRF e da polícia de Mato Grosso do Sul desarticula quadrilha que transportava e comercializava madeira extraída ilegalmente da Floresta Amazônica. Grupo pode ter movimentado R$ 10 milhões em um ano

Depois de uma investigação coordenada por procuradores federais, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) de Mato Grosso do Sul realizaram ontem uma operação que resultou na prisão de 14 pessoas, entre empresários e servidores públicos, envolvidas na comercialização e no transporte ilegal de madeira em extinção retirada da Floresta Amazônica. Segundo estimativas da polícia, em um ano, a quadrilha teria movimentado cerca de R$ 10 milhões.

Na ação, batizada de Operação Cupim, a PRF também cumpriu 22 mandados de busca e apreensão nas casas e lojas de comerciantes, madeireiras e residências de servidores públicos de Mato Grosso e de Mato Grosso do Sul, além de locais por onde a madeira ilegal transitava antes de chegar ao mercado. Os investigadores também estimaram em pelo menos 650 caminhões e carretas a frota utilizada no esquema fraudulento. Dados da PRF mostram que, ao todo, foram transportados criminosamente cerca de 32 mil metros cúbicos de madeira já beneficiada. Além de retirar a madeira sem autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a quadrilha falsificou documentos, sonegou impostos e corrompeu servidores públicos. Foi detectado também crime de lavagem de dinheiro.

A investigação nasceu depois de uma fiscalização de rotina nas rodovias BR-262 e BR-163, que descobriu carretas e caminhões levando madeira acima do limite de peso. Segundo a PRF, a fraude começou em abril de 2008 e pode ter viabilizado a retirada de árvores em extinção ¿ como a peroba e a castanheira ¿ inclusive de terras indígenas. Os investigadores descobriram que empresários das cidades de Sinop e Marcelândia, ambas em Mato Grosso, extraíam a madeira e encomendavam o transporte. Para driblar a fiscalização, as toras raras eram transportadas com outras de menor valor e comercialização legalizada.

Com a ajuda de servidores públicos dos dois estados onde a operação foi desencadeada, caminhões e carretas passavam nos postos de fiscalização apresentando uma mesma nota fiscal para até cinco carregamentos simultâneos. De Mato Grosso do Sul, a madeira era levada aos mercados de São Paulo e do Paraná. O esquema contava ainda com a conivência de fiscais da Secretaria de Administração e de agentes tributários da Secretaria de Fazenda de Mato Grosso do Sul. Coordenada pela Divisão de Combate ao Crime da Polícia Rodoviária Federal, a operação mobilizou 120 agentes da PRF de 10 estados e do Distrito Federal, além de 14 policiais militares de Mato Grosso do Sul.