Título: Temos que enfrentar o mexicano e o espanhol
Autor: Schreiber, Mariana
Fonte: O Globo, 26/04/2008, Economia, p. 30

A operação de compra da Brasil Telecom pela Oi, oficializada ontem, é considerada uma "licença para não morrer" pelo presidente da Oi, Luiz Eduardo Falco. Para ele, as oportunidades de crescimento são grandes, mas a briga com a concorrência será ainda mais acirrada

Bruno Rosa

O que motivou o negócio?

LUIZ EDUARDO FALCO: Essa empresa precisa andar geograficamente. As alternativas óbvias são as de língua portuguesa e as nossas vizinhas aqui. Há várias regiões com crescimento forte na África e algumas na América do Sul. Queremos romper nossa fronteira.

Qual é o principal desafio agora?

FALCO: Temos que enfrentar o mexicano (Claro e Embratel) e o espanhol (Telefônica e Vivo). Neste momento, a gente ganhou a licença para não morrer. Mas a licença para viver a gente vai ter que conquistar. Não vai ser fácil. Mundialmente nós somos pequenos perto deles. Mas eles são competentes em telecom, enquanto nós somos competentes em Brasil.

Quais são os planos?

FALCO: Vamos repetir na Brasil Telecom o que fizemos na Oi em telefonia celular. Vamos ter foco em produtos convergentes e em ofertas. A BrT tem boas práticas em longa distância e em internet, que é bem forte. Por isso, vamos ter foco em provedor na área da Oi e em convergência na área da Brasil Telecom. E aprender cada vez mais a atender o consumidor de classes menos favorecidas. Vamos ter foco no que há de melhor nas duas empresas. Mas algumas coisas terão de ser priorizadas, como o patrocínio a esportes e cultura.Vamos estudar o atributo das marcas e olhar o que tem lá. Mas, claro, só haverá um modelo de gestão.

Como fica o cenário no mercado de ações?

FALCO: Nascemos muito mais transparentes. Ganha a empresa com uma companhia profissional e ganha o investidor com uma relação transparente. Além disso, fizemos questão de comprar uma empresa sem brigas societárias. Pusemos dinheiro a risco para que não tivesse brigas. Se fôssemos importar essas brigas societárias, começaríamos com uma companhia descontada (subavaliada na Bolsa). Por isso, nosso Ebitda (geração de caixa), que hoje esta entre R$3,5 bilhões a R$4 bilhões, pode chegar a R$6 bilhões. Não existe diferença de Sérgio Andrade e Carlos Jereissati para Carlos Slim. A oferta voluntária tem tudo para ser bem sucedida, pois o prêmio de 32% é bom. Queremos que os acionistas sejam parceiros.