Título: Vômito de Isabella foi encontrado na roupa do pai
Autor: Barbosa, Adauri Antunes
Fonte: O Globo, 26/04/2008, O País, p. 12

Em depoimento, Alexandre Nardoni não soube explicar o ocorrido; segundo perícia, menina vomitou após asfixia

SÃO PAULO. Uma das provas técnicas mais importantes usada pela polícia de São Paulo para indiciar o casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá pela morte da menina Isabella Nardoni, de 5 anos, são vestígios do vômito da menina encontrados pela perícia na camiseta que o pai usava no dia do crime. A informação consta das transcrições dos depoimentos do casal, divulgadas ontem pelo ¿Jornal Nacional¿.

Ao prestar depoimento, Alexandre foi informado pelos policiais sobre a constatação de vômito em suas roupas. Não soube explicar como isso aconteceu. Disse que em momento algum viu a filha vomitando. Ele soube, então, que o vômito aconteceu depois de Isabella ter sofrido asfixia, mediante esganadura, como uma reação do organismo.

Em seu depoimento, Anna Carolina também disse que não viu a garota vomitar durante o trajeto que a família fez entre Guarulhos e São Paulo. Quando a polícia disse a ela que os peritos acharam vômito da criança na camiseta do marido, a madrasta respondeu que não sabia como isso podia ter acontecido.

Ao ser perguntado sobre a existência de sangue, comprovadamente sendo de sua filha, dentro de seu carro, de onde Isabella saiu momentos antes da morte, Alexandre Nardoni garantiu que a criança foi levada no colo por ele até o quarto sem apresentar qualquer ferimento. E não explicou como o sangue do ferimento da testa de sua filha aparece no carro. Quando soube, em seguida, da constatação de uma gota de sangue sobre o pé direito do sapato de sua mulher, tratando-se do sangue de Isabella, também não deu qualquer explicação.

Anna Carolina Jatobá declarou que a menina não se feriu dentro do carro, e que não a viu machucada antes da queda. Informada sobre o sangue dentro do carro, a madrasta disse que não sabe explicar como ele foi encontrado pelos peritos.

Informada também sobre a constatação de sangue de Isabella sobre o pé direito de sua sapatilha, afirmou que, em ¿hipótese alguma, os peritos criminais poderiam ter constatado sangue sobre seu calçado¿. A madrasta afirma que chegou ao apartamento usando um tamanco e que deixou o calçado na cozinha, tendo depois saído do apartamento descalça. Ela conta que foi sem sapatos para Guarulhos, onde fica o apartamento dos pais dela. Ainda segundo ela, o sapato apreendido estava no apartamento dos seus pais e fazia anos que ela não usava.

Anna Carolina afirmou que não limpou manchas de sangue no apartamento antes de descer. E que, em momento algum, apertou com a mão o pescoço de Isabella. Ela reafirmou que nunca encostou um dedo na garota, mesmo porque, quando subiu, tudo já havia acontecido. O advogado do casal, Marco Polo Levorin, disse ontem à tarde que não daria declarações sobre o caso.