Título: Consumidor paga até 13% mais por álcool em postos
Autor: Ribeiro, Fabiana
Fonte: O Globo, 14/11/2007, Economia, p. 30

Influenciados pela entressafra, preços do combustível devem continuar elevados até abril. Gasolina, por sua vez, também pode sofrer reajuste de 4 centavos.

Os efeitos da entressafra do álcool e dos aumentos determinados pelos usineiros já chegaram ao bolso do consumidor. No Rio, levantamento feito pelo GLOBO em dez postos de diferentes bandeiras constatou que nove reajustaram o preço do combustível nos últimos dez dias. As altas variam de 6,6% a 13,3%. Os reajustes acontecem duas semanas após a crise de abastecimento de gás natural veicular (GNV), quando o consumidor carioca enfrentou aumentos do produto de até 14,59%.

A expectativa, segundo especialistas, é de que o álcool continue com preços elevados até abril, quando começa o período de safra. Segundo a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), a produção de álcool do Centro-Sul do Brasil é realizada entre maio e novembro para ser comercializada o ano todo. Dessa forma, alega a entidade que reúne os produtores de álcool, historicamente existe um nível de preços mais altos no fim da safra e no início da entressafra.

Além da entressafra, a Unica dá outros motivos para o aumento de preço. Segundo a entidade, muitas distribuidoras anteciparam suas compras de álcool e os preços pagos aos produtores tiveram, com isso, uma elevação de 13,14% para o álcool hidratado e 9,03% no álcool anidro na primeira semana de novembro, em relação à semana anterior. Na primeira semana de novembro, o preço do álcool anidro fechou a R$0,7776 e o do álcool hidratado a R$0,7169. Na mesma semana de 2006, custavam R$0,8641 e R$0,7592, respectivamente. Apesar desse aumento, os preços de 2007 ainda são os menores dos últimos quatro anos.

No posto Golf, em São Conrado, o álcool subiu de R$1,499 para R$1,699 (13,3%). No Santa Isabel, na Tijuca, a alta foi de 9,49%, passando de R$1,369 para R$1,499 nos últimos dias. E no Dois de Dezembro, no Catete, o reajuste é de 6,6%, de R$1,499 para R$1,599.

- O aumento médio para o consumidor é de 7%. Os postos estão repassando os aumentos das distribuidoras, que reajustaram, em média, 10% na última semana. Não há espaço para reajustes maiores: há o risco de o posto perder o cliente - disse Manuel Fonseca, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Lubrificantes e Lojas de Conveniência do Município do Rio (Sindcomb).

Apesar dos aumentos que devem se estender até abril, o reajuste do álcool não deve chegar ao patamar alcançado no ano passado, disse Alísio Vaz, diretor do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes. Em fins de 2006, o álcool chegou a ser vendido pelas usinas a R$1. Este ano, as distribuidoras compram o produto por R$0,71698. Ainda assim, já houve um reajuste de 24% desde outubro.

- As exportações menores também devem contribuir para reajustes inferiores ao que se viu no mesmo período do ano passado - explicou Vaz, lembrando que as variações de preço até abril vão depender ainda do comportamento do consumidor.

Segundo Vaz, a gasolina deve sofrer pequenos reajustes.

- Por influência do álcool, o consumidor pode comprar a gasolina de três a quatro centavos mais cara.

A Unica disse ainda que a demanda de álcool no mercado interno está aquecida. Em outubro, o volume de vendas chegou a 1,542 bilhão de litros, ultrapassando a última previsão de 1,450 bilhão de litros. O desempenho é recorde.