Título: Sucessão acirra os ânimos na Casa
Autor: Berlinck, Deborah
Fonte: O Globo, 12/09/2007, O País, p. 8

Aliados criticam campanha à presidência; Jarbas se irrita com Ideli.

BRASÍLIA. Antes da votação hoje em plenário do processo de cassação do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) por quebra de decoro, foi deflagrada uma guerra pela sucessão no cargo de presidente do Senado. Aliados de Renan tentam enfraquecer o discurso dos que defendem a cassação. A líder do partido, Ideli Salvatti (SC), prometeu discursar alertando para o fato de que quem puder se beneficiar com a cassação de Renan deveria se declarar impedido de votar:

- O Tasso (Jereissati, PSDB-CE) já não disse que o Jarbas (Vasconcelos, PMDB-PE) é candidato? É um erro os 80 senadores terem o poder de julgar quando o resultado pode beneficiar este ou aquele. Não digo que a votação não é legítima, mas existe risco da contaminação pelos interesses em jogo. Esses interesses podem nortear votos que podem ser decisivos.

Jarbas Vasconcelos reagiu com irritação.

- A Ideli está falando uma imensa bobagem. O que estará em jogo é a recomendação para a perda do mandato do senador Renan Calheiros, já aprovada pelo Conselho de Ética. Não vejo nenhuma condição de a Ideli dar qualquer tipo de conselho, muito menos sobre ética.

A tropa de choque de Renan criticou a movimentação dos interessados em presidir o Senado. E atacou Gerson Camata (PMDB-ES) e Garibaldi Alves (PMDB-RN), apontados pelo Planalto como nomes capazes de substituir Renan.

- O Camata já está fazendo campanha pelos corredores. Ele não esconde mais o seu desejo de ser presidente da Casa - alfinetou o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR).

Camata tentou minimizar as críticas. Disse que não se declarará impedido, porque não se candidatará:

- Meu candidato é o Jarbas ou o Pedro Simon.

Outro que passou a ter cuidado foi o senador Tião Viana (PT-AC). Na condição de primeiro vice-presidente do Senado, ele pode ocupar a cadeira de Renan num afastamento temporário do titular. Mas foi cauteloso:

- Não vou precisar assumir.

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), voltou a manifestar o veto do partido à possibilidade de o ex-presidente José Sarney suceder Renan. Virgílio adianta que os tucanos deverão lançar outro candidato:

- Podemos até perder, mas vamos lançar um nome em protesto. Jarbas seria um nome para a gente tentar ganhar.