Título: Professor da Unicamp defende controle cambial
Autor: Almeida, Cássia
Fonte: O Globo, 25/08/2009, Economia, p. 19
Economia do Rio, baseada em serviços, ganha com real forte
A atração de recursos para investimentos na exploração de petróleo no pré-sal nos próximos anos poderá supervalorizar o real e prejudicar outros segmentos da indústria, afirmou ontem o professor da Unicamp Luiz Gonzaga Belluzzo.
Segundo ele, o governo precisará fazer uma intervenção maior no câmbio.
¿ O governo tem que agir de maneira rápida para conter essa valorização (do real). Comprar mais dólares à vista, agir no mercado futuro, sobretudo na BM&F, obrigando quem faz a operação com câmbio futuro a botar uma margem maior, e também operando na posição comprada e vendida dos bancos em moeda estrangeira ¿ sugeriu.
Mais cedo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, havia mencionado que o excesso de dólares para os investimentos na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) ¿traz problemas¿ para o câmbio, embora seja um sinal de confiança no país.
Belluzzo admitiu que os investidores não gostam da ideia de ¿controle cambial¿, mas disse que a intervenção é necessária.
¿ Duvido muito que o investimento direto autêntico, por exemplo, aquele que vem disputar a produção de petróleo, se assuste com isso.
Para ele, a medida inibiria apenas os especuladores, que fazem arbitragem com cupom cambial ¿ pegam recursos no exterior a juros baixos para investir em renda fixa no Brasil.
O economista da PUC-Rio José Márcio Camargo disse que o fortalecimento do real a partir de 1994 foi fundamental para que o Rio não fosse tão afetado pela atual crise. Isso porque sua economia é baseada em prestação de serviços, que se beneficia do câmbio valorizado.
¿ Não é possível exportar ou importar a beleza do Rio. É o câmbio forte que beneficia o estado, e não o contrário ¿ disse Camargo.