Título: Ex-deputado pede investigação contra Camata
Autor: Dalvi, Bruno
Fonte: O Globo, 20/04/2009, O País, p. 4

Senador promete apresentar documentos que contestam denúncias feitas por seu ex-assessor

VITÓRIA e BRASÍLIA. O ex-deputado federal Marcelino Fraga (PMDB-ES) vai entrar com uma representação na Corregedoria do Senado, em Brasília, pedindo que as denúncias de corrupção envolvendo o senador Gerson Camata (PMDB-ES) sejam investigadas. Ele também prometeu solicitar que o Ministério Público Federal e a Comissão de Ética do PMDB apurem os fatos. Como O GLOBO publicou ontem, Camata é acusado pelo economista Marcos Andrade, seu ex-assessor, de receber propina de empreiteiras e apresentar prestações de contas falsas para justificar gastos inexistentes:

- São denúncias graves e que precisam ser investigadas. Ele tem que provar sua inocência ou então ser punido. Só o fato de o senador ter um apartamento em Brasília e, mesmo assim, receber auxílio-moradia já é gravíssimo e requer punição - disse Marcelino.

O atual presidente do Conselho de Ética do Senado, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), disse que recebeu relatos de que as denúncias são "muito graves", mas ressaltou que o Conselho de Ética só pode agir se provocado.

- Creio que o corregedor vai dar uma orientação de como proceder - disse Quintanilha.

O GLOBO não conseguiu entrar em contato com o corregedor Romeu Tuma (PTB-SP) ontem. O 1º secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI), envolvido com a busca de soluções para problemas administrativos da Casa, como o excesso de diretorias e o uso irregular da verba indenizatória, disse que desconhecer as denúncias:

- O Camata é um pessoa que tem três mandatos. Na dúvida, prefiro acreditar nele - disse Heráclito.

Gerson Camata disse ontem que vai interpelar judicialmente Marcos Andrade, que foi seu funcionário direto por 19 anos, e que entregará à Corregedoria do Senado e ao Conselho de Ética documentos rebatendo as denúncias do ex-assessor. Camata negou novamente as acusações e disse que, para esclarecer o caso, pedirá ao corregedor Romeu Tuma e ao Conselho de Ética para investigarem o caso.

Camata prometeu divulgar hoje documentos contestando as afirmações do ex-funcionário. O senador disse que mora em apartamento próprio em Brasília, mas admitiu que recebe, mesmo assim, auxílio-moradia. Ele disse que o benefício serve para pagamento de condomínio e outras despesas, argumentando que os senadores que residem em imóveis do Senado não têm esses gastos. Marcos Andrade diz que o apartamento de Camata está alugado para uma embaixada.

- A tudo vou responder com papel. Vou pedir que eles investiguem as denúncias. Vou mostrar que são todas falsas, mas quero que eles investiguem - disse Camata.

Já a Executiva do PMDB no Espírito Santo não pretende tomar medidas em relação às denúncias, pelo menos agora.

- Não há elementos que apontem problemas na vida política do Camata - disse o presidente regional do partido, deputado federal Lelo Coimbra.