Título: GM do Brasil põe 1.633 em licença
Autor: Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 21/01/2009, Economia, p. 19

Medida afeta empregados temporários de São Caetano. Protesto reúne 15 mil no ABC.

SÃO PAULO e RIO. A General Motors decidiu ontem colocar em licença remunerada 1.633 funcionários temporários da fábrica de São Caetano do Sul, no ABC paulista, cujos contratos vencem nos próximos três meses. Responsáveis pelo terceiro turno da unidade (da 0h às 6h) - a maior da GM no país, que emprega 6 mil - , eles voltaram de 45 dias de férias coletivas na segunda-feira.

- A empresa não tinha serviço para eles e queria demitir, mas negociamos e conseguimos ganhar esse fôlego de mais de 30 dias para buscar alternativas - disse o presidente do Sindicato, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão.

Este turno fabrica os modelos mais caros, como o Vectra e o Astra, cujas vendas foram mais afetadas pela falta de crédito. A esperança é que este mercado reaja, como o de carros populares.

É o segundo corte importante adotado pela GM, que, no fim de 2008, anunciou a demissão de 744 empregados da unidade de São José dos Campos, também no ABC.

Já a Marcopolo, a maior fabricante de ônibus do mundo, dará férias coletivas de 20 dias a partir de hoje para 1.800 funcionários de uma das duas fábricas em Caxias do Sul (RS). A empresa aproveitará o corte em sua produção para deixar em casa o turno da noite.

Ontem, comandados pela CUT, metalúrgicos de São Bernardo do Campo, berço político do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no ABC, organizaram uma grande passeata com a participação de 15 mil pessoas, o que não se via há dois anos. O protesto incluiu assembleias nas portas de unidades de Ford, Mercedes-Benz, Scania, Volks, Karmann-Ghia e Mahle e de fabricantes de autopeças.

Hoje, CUT e Força Sindical comandam um protesto em frente ao prédio do Banco Central, na Avenida Paulista, para pedir queda de juros.