Título: Depósito da prefeitura tem remédios vencidos
Autor: Braga, Ronaldo
Fonte: O Globo, 08/08/2007, Rio, p. 18

Durante vistoria em almoxarifado, vereador e sindicalista encontram também tomógrafo novo, encaixotado desde 2005.

Cerca de cinco mil comprimidos de medicamentos com datas vencidas, usados por pacientes com hepatite, tuberculose e diabete, além de um tomógrafo no valor de R$1 milhão - encaixotado desde 2005 - foram encontrados ontem de manhã no Almoxarifado Central da Prefeitura, na Rua Ana Nery 1.552, no Rocha. O flagrante foi feito pelo presidente do Sindicato dos Médicos, Jorge Darze, e pelo vereador Carlos Eduardo de Mattos (PSB), presidente da Comissão de Saúde da Câmara. A comissão recebeu 18 denúncias sobre o tomógrafo novo.

Também foram encontrados no depósito cerca de 40 carros de combate à dengue, vários deles com princípio de ferrugem. Logo depois da vistoria no almoxarifado, Jorge Darze e o vereador estiveram no Hospital municipal Souza Aguiar, no Centro, onde fizeram uma inspeção na farmácia da unidade, atingida, anteontem à noite, por uma infiltração.

- A primeira medida é denunciar tudo ao Ministério Público e à Vigilância Sanitária - disse Jorge Darze. - O Souza Aguiar só tem um tomógrafo. Enquanto isso, há um encaixotado no depósito.

Ele acrescentou que o Hospital municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, ganhou um tomógrafo de um shopping do bairro.

"É dinheiro público sendo desperdiçado", diz vereador

Entre os medicamentos vencidos, estavam Tiroxina (para insuficiência cardíaca), Propanolol (para hipertensão arterial) e Rifampicina (para tuberculose). Darze e o Carlos Eduardo encontraram ainda remédios que vencerão no fim do ano.

- Até que chegue ao consumidor, vão se passar seis meses - disse Carlos Eduardo. - É dinheiro público sendo desperdiçado.

Com a infiltração na farmácia do Souza Aguiar, decorrente de obras no segundo andar do prédio, foram atingidos dois computadores, um fax e uma impressora. O problema no hospital acontece uma semana depois de o diretor e de 30 chefes de equipe entregarem seus cargos.

Segundo o vereador Carlos Eduardo, o teto da farmácia não chegou a cair totalmente, porque operários retiraram parte do gesso. No entanto, houve prejuízos por causa da água. Carlos Eduardo disse que o vazamento começou por volta das 19h30m de anteontem.

- A Vigilância Sanitária deve comparecer ao hospital para ver o que aconteceu e investigar o problema - disse Jorge Darze. - Como no local também houve um vazamento de esgoto há um mês, a farmácia pode estar contaminada. Ninguém fez nada até agora.

Secretaria: remédios serão incinerados ou devolvidos

A assessoria de imprensa da Secretaria municipal de Saúde informou, em nota, que o espaço no Rocha serve de depósito para materiais que são distribuídos às unidades de saúde e recolhidos nelas. Segundo a nota, os medicamentos que passam da validade ficam armazenados no local para ser incinerados ou devolvidos aos laboratórios.

Em relação ao tomógrafo, a Secretaria municipal de Saúde informou que o aparelho se encontra armazenado no depósito até que o Hospital municipal Ronaldo Gazolla, em Acari, seja inaugurado. Sobre os carros de combate à dengue, a assessoria disse que os veículos estão sem condições de uso e se encontram em processo de doação para a Obra Social.

Já com relação ao problema na farmácia do Souza Aguiar, a secretaria disse que, segundo sua assessoria de engenharia e obras, por descuido do profissional que executava serviços em banheiros do hospital, as tubulações não foram conectadas. Dessa forma, quando foram abertos os registros, a água vazou, provocando infiltrações na secretaria da farmácia, que está localizada embaixo dos banheiros.

Ainda de acordo com a nota, o problema foi detectado e os registros, fechados. As empresas responsáveis pelas obras continuam a tocá-las, aguardando apenas que o teto seque para fazer a sua recuperação. A secretaria afirmou que nenhum remédio foi danificado.