Título: Manutenção dos aviões da TAM será investigada
Autor: Éboli, Evandro e Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 28/07/2007, O País, p. 10

Deputados suspeitam que empresa esteja operando no limite.

BRASÍLIA. A CPI do Apagão Aéreo da Câmara vai investigar o serviço de manutenção que a TAM faz em suas aeronaves. A companhia, que herdou boa parte do espaço da Varig e hoje detém praticamente metade do mercado doméstico, pode estar operando no limite, suspeitam integrantes da CPI. A comissão requisitou e já recebeu documentos sobre as manutenções feitas em 2006 nos 60 Airbus da empresa. Os papéis estão sendo analisados pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

- Nossa preocupação é checar se a TAM está operando ou não no limite. Se opera no limite, no extremo, se não retira de operação um avião - disse Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

O deputado lembrou a resposta dada, em audiência na última quarta-feira, pelo vice-presidente técnico da TAM, Ruy Amparo, quando questionado sobre a manutenção no Airbus que explodiu em Congonhas. Segundo Amparo, o Airbus, que saiu em 17 de julho de Porto Alegre, com destino à Congonhas, seria submetido à manutenção para conserto do reverso, que estava com problemas desde o dia 13 de julho. O conserto é feito em Congonhas, explicou.

Cunha indagou, então, porque a empresa não fizera a manutenção no dia anterior ao acidente, no vôo entre Confins e Congonhas, no meio do dia.

- Temos obrigações com os usuários - justificou.

Na audiência, Amparo ressaltou que o manual da Airbus estabelece até dez dias para o conserto. Segundo ele, enquanto isso, a aeronave opera, de forma segura, com o reverso travado. Demora do envio dos dados da caixa-preta irrita deputados

O presidente da CPI, deputado, Marcelo Castro (PMDB-PI), reforçou ontem a cobrança pelo envio dos dados da caixa preta de voz do avião da TAM que explodiu em Congonhas. É grande a irritação da CPI com a demora do envio das transcrições. Só ontem Castro recebeu o conteúdo da caixa-preta do acidente envolvendo um Boeing da Gol e um Legacy, em setembro.

- Se a CPI aprovou um requerimento, tem que ser obedecido - disse Castro.

Ele quer ainda que o chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), brigadeiro Jorge Kersul Filho, fale sobre os dados, em sessão secreta:

-- No meio de 48 integrantes da CPI, é impossível dizer que o sigilo será mantido. Mas cada um que cumpra com seu dever. Eu não vou divulgar.

Castro avisou que, em razão dos seis depoimentos previstos para a próxima semana, não deverá colocar em votação o requerimento do deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), que propõe que CPI determine ao Ministério da Defesa a abertura de processo disciplinar contra os diretores da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).