Título: USP: Justiça nega recurso e ordena desocupação
Autor: Freire, Flávio e Farah, Tatiana
Fonte: O Globo, 25/05/2007, O País, p. 13

Alunos, que invadiram reitoria há 21 dias, procuram secretário de Justiça de SP para tentar negociar solução.

SÃO PAULO. Ameaçados por uma possível ação da Tropa de Choque da PM para despejá-los, a qualquer instante, da reitoria da Universidade de São Paulo (USP), invadida há 21 dias, alunos procuraram ontem o governo estadual para uma negociação política. Em reunião à noite com o secretário estadual de Justiça, Luiz Antônio Marrey, líderes dos estudantes, acompanhados de representantes de entidades de direitos humanos, pediram uma solução sem o uso de força policial. Antes da reunião, a Justiça negou pedido dos alunos, que queriam mais prazo, e determinou que desocupem já o prédio da USP.

- Essa discussão se transformou numa questão de Estado. Estamos aqui para negociar o desfecho sem a entrada da Tropa de Choque, o que pode acabar em tragédia - disse o secretário-geral do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Humana, Ariel de Castro Alves, que acompanhou os alunos.

Os alunos da USP sofreram outro revés. O juiz Edson Ferreira da Silva, da 13ª Vara da Fazenda Pública, determinou multa diária de R$1 mil a grupos que decidam ocupar qualquer prédio do campus da universidade. Os alunos, porém, disseram não ter intimidado.

- Como se trata de ação de autoria desconhecida, não há um efeito prático - disse Marco Aurélio Braga, advogado que acompanhou os alunos no encontro com Marrey.

A multa foi aplicada a partir de uma ação movida pela reitora da USP, Suely Vilela. O pedido para que a ordem de reintegração fosse adiada partiu do sindicato dos funcionários da USP, também em greve. Uma barricada de pneus foi montada ontem em frente ao acampamento dos estudantes. Mas tanto os funcionários quanto os alunos dizem que a resistência é pacífica.

Os alunos foram informados anteontem que o comando da PM cumpriria o mandado de reintegração de posse às 6h. Foi a noite mais tensa desde o dia 3, quando começou a ocupação.

Por volta das 10h, uma UTI móvel e um carro do Corpo de Bombeiros chegaram à reitoria, dando a entender que o batalhão estava a caminho. O motorista da UTI disse que tinha sido chamado por um professor da universidade, mas a reitoria negou o chamado.

O Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas ofereceu ontem 3,37% de reajuste salarial a professores e funcionários, que pediam aumento de 3,1% mais uma parcela fixa de até R$200. Funcionários e professores decidem em assembléia se aceitam a proposta ou se mantêm a paralisação, que, até ontem, atingia parte da USP, da Unicamp e da Unesp.