Título: Procurador rebate críticas de advogados
Autor: Carvalho, Jaílton de
Fonte: O Globo, 20/04/2007, Rio, p. 14

Presidente da OAB diz, porém, que situação só melhorou com atuação do STF

BRASÍLIA. O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, rebateu ontem as reclamações dos advogados de defesa dos presos na Operação Hurricane. Os advogados acusam a Polícia Federal de impedir que eles fiquem a sós com seus clientes e de dificultar o acesso aos detalhes da investigação que resultou na prisão de 25 suspeitos de envolvimento com a máfia dos caça-níqueis. Para o procurador-geral, isso não vem ocorrendo.

- É uma reclamação infundada. Eles estão tendo direito de ficar sozinhos com seus clientes. Os advogados reclamam sem razão - disse Antonio Fernando de Souza.

A declaração provocou a reação imediata da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que no final de semana chegou a se queixar ao ministro da Justiça, Tarso Genro. O presidente nacional da OAB, Cezar Britto, classificou a afirmação de Antonio Fernando de "totalmente equivocada". Brito disse que o tratamento dado aos advogados só melhorou após a intervenção do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cezar Peluso, relator do inquérito.

- Somente após a atuação do STF, por solicitação da OAB, é que o reconhecimento à participação dos advogados foi assegurado - afirmou Cezar Britto.

Ao recorrer esta semana ao ministro Cezar Peluso, o presidente da OAB acusara a PF de agir ilegalmente.

- Não havia nenhum respeito à participação dos advogados nos autos processuais, nem comunicação reservada e pessoal com seus clientes, pois os delegados da PF que trabalham na operação impediam - disse.

Desde que foi deflagrada a Operação Hurricane, na última sexta-feira, os advogados de quase todos os presos reclamam da atuação da Polícia Federal. Nos primeiros dias, alguns chegaram a dizer que não sabiam o motivo pelo qual seus clientes haviam sido presos. Com esse argumento, muitos orientaram os detentos a se calarem nos depoimentos colhidos pelos investigadores. O desembargador José Ricardo de Siqueira Regueira se recusou inclusive a assinar o seu depoimento.