Título: 'Foi uma demonstração de força'
Autor: Oliveira, Germano e Freire, Flávio
Fonte: O Globo, 24/03/2007, O País, p. 8

Segundo o delegado, a primeira grande operação conjunta de policiais foi uma resposta ao crime organizado, para mostrar que a polícia se organizará e dará uma resposta à onda de violência.

Os recentes crimes bárbaros motivaram a Polícia Civil a se organizar?

MÁRIO JORDÃO: Vamos mostrar aos bandidos que a polícia está se organizando e que a população precisa de paz. Começamos a pensar na união das polícias civis de todo o país antes de crimes bárbaros, como o do menino João Hélio, no Rio, e outros crimes hediondos que tomaram conta do país. Mas é evidente que os casos como esses, que mais chocaram a população, foram a motivação maior dessa integração.

A operação teve o dedo do governador Serra?

JORDÃO:Não tem conotação política. A operação foi consenso dos 23 delegados gerais reunidos em São Paulo em fevereiro, para dar resposta à sociedade. Os governadores foram informados da ação na véspera, assim como a Secretaria Nacional de Segurança. Essa operação foi feita para mostrar que estamos mobilizando forças para enfrentar o crime organizado.

Mas o governo federal sempre falou numa ação coordenada das polícias e nunca conseguiu uma operação como essa...

JORDÃO:A operação prova que é possível trabalharmos unidos. Foi uma demonstração de força nossa, de que a polícia civil é uma instituição com 100 mil homens que deseja trazer paz para a sociedade. Bandido não vai ter mais sossego, porque a sociedade está incomodada, e a polícia precisa dar resposta.

O senhor acha que falta planejamento do governo federal para as ações?

JORDÃO: Não digo que falta planejamento nacional. Acho que estamos mostrando que as polícias não devem apenas investigar mais e prender mais, mas se aproximar mais da sociedade. Estamos em contato diário com a população mais carente. Muitas vezes atendemos problemas sociais nas delegacias que não seriam nossos.

O senhor acha que o governo e Congresso estão agindo como deveriam?

JORDÃO: O Congresso está se mobilizando, discutindo leis que mudem o atual quadro de insegurança.