Título: Analistas baixam para 2,74% previsão de expansão da economia em 2006
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 03/01/2007, Economia, p. 21

No primeiro relatório Focus do ano, divulgado ontem pelo Banco Central (BC), o mercado se mostrou mais pessimista em relação ao crescimento econômico do país. Para 2006, os especialistas calculam que a expansão do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto dos bens e serviços produzidos no país ao longo de um ano) tenha fechado em 2,74%. A estimativa é ligeiramente inferior aos 2,76% do levantamento anterior. Para 2007, foi mantida, pela 18ª semana seguida, previsão de crescimento do PIB em 3,5%. A pesquisa Focus é feita com dezenas de economistas de bancos e de empresas.

As estimativas do mercado para o crescimento econômico estão abaixo das previsões do governo, sobretudo para este ano. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por exemplo, chegou a mencionar crescimento de 5%, enquanto o ministro da Fazenda, Guido Mantega, fala em "acima de 4%". Já o BC aposta em 3,8%, segundo seu último relatório trimestral de inflação.

O mercado manteve, porém, suas projeções de crescimento de 3,08% e de 4% na produção industrial, em 2006 e 2007, respectivamente. Sobre inflação, o relatório Focus indicou que os economistas esperam IPCA de 3,11% em 2006 e de 4% este ano. São taxas inferiores ao centro da meta de inflação do governo, que é de 4,5% tanto para o ano passado como para 2007.

Economistas prevêem juros a 11,75% no fim de 2007

Com os preços sob controle, os analistas esperam que a taxa básica de juros Selic chegue ao fim de 2007 em 11,75% ao ano. Hoje, a Selic é de 13,25%. Na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para os dias 23 e 24 deste mês, o mercado aposta em redução de 0,25 ponto percentual na Selic. Caso esse cenário se confirme, a autoridade monetária terá diminuído a intensidade dos cortes, já que nos cinco encontros anteriores decidiu-se por reduções de meio ponto percentual.

Na avaliação dos economistas consultados pelo BC, o dólar deve terminar 2007 cotado a R$2,25. Nos últimos dias, o dólar tem sido negociado abaixo dos R$2,20. A forte entrada de recursos, sobretudo por meio da balança comercial, explica o patamar baixo da moeda americana.

Para o mercado, o superávit comercial deve recuar este ano, ficando em US$38 bilhões. Em 2006, o saldo foi de US$46 bilhões. Já o volume de investimentos estrangeiros recebidos pelo Brasil deve se repetir. O Focus indica uma estimativa de US$16,10 bilhões para 2007, ligeiramente acima dos US$16 bilhões previstos para 2006.