Título: NEWTÃO, AGORA ALIADO DE LULA, FICA FORA
Autor: Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 02/10/2006, O País, p. 16

Ajuda de Aécio alavancou Eliseu, o novo senador por Minas

BELO HORIZONTE. No rastro da popularidade do governador de Minas Gerais, o tucano Aécio Neves, o candidato do PFL ao Senado, Eliseu Resende, garantiu ontem uma vitória há pouco tempo considerada quase impossível e derrotou o ex-governador do estado Newton Cardoso, do PMDB. Resende teve 61,26% dos votos válidos, e Newtão, 28,65%. Ao longo da campanha, com a ajuda estratégica de Aécio, Eliseu reverteu o favoritismo de seu adversário, que teve o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O pefelista teve mais de 1,5 milhão de votos à frente do peemedebista.

Em entrevista que dará hoje, o governador Aécio Neves pretende dedicar a vitória de Eliseu Resende ao ex-governador Itamar Franco, que perdeu a legenda do PMDB para Newton Cardoso, na convenção do partido. Aécio e Itamar atribuem o resultado da convenção estadual do PMDB a uma interferência direta do Palácio do Planalto, que também foi determinante para assegurar a aliança do partido com o PT mineiro.

O episódio irritou o governador, que vinha poupando o governo Lula de críticas mais duras, e levou Aécio a considerar a eleição de Eliseu uma questão de honra para seu grupo.

A candidatura de Newtão, como é conhecido em Minas, também impôs constrangimentos aos petistas mineiros, que foram obrigados a dividir o palanque com um antigo adversário, contra quem chegaram a propor o impeachment no período em que governou o estado.

Embora tenha garantido ao candidato do PT ao governo de Minas, Nilmário Miranda, a possibilidade de quase dobrar o seu tempo no horário eleitoral gratuito, pode-se dizer que essa aliança com o PMDB mostrou-se pouco eficaz para os petistas. Newtão, que começou a campanha liderando a disputa pelo Senado, acabou derrotado, assim como Nilmário.

¿ Essa aliança foi inócua e desnecessária, porque não produziu nenhum debate relevante sobre projetos e programas para o estado. Foi exclusivamente uma aliança para garantir mais tempo de TV ao candidato do PT ao governo do estado ¿ lamentou o deputado Paulo Delgado (PT-MG).(Adriana Vasconcelos)