Título: CPI VAI REVER AS PROVAS CONTRA OS INOCENTADOS
Autor: Chico de Gois
Fonte: O Globo, 24/08/2006, O País, p. 8

Casos excluídos do relatório parcial mas denunciados pela Procuradoria serão analisados

BRASÍLIA. Catorze deputados investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeita de envolvimento com a máfia das ambulâncias foram inocentados pelo relatório parcial da CPI dos Sanguessugas, mas a comissão pode rever seus casos e eles ainda podem ser incluídos no relatório final. Esses deputados ficaram fora da lista dos denunciados na primeira fase das investigações no Congresso por falta de provas.

A divergência foi descoberta ontem com a divulgação dos nomes de todos os parlamentares que são alvo de inquérito na Justiça, abertos a pedido do procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza. O presidente da CPI, Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), disse que analisará os indícios em que Antônio Fernando se baseou para pedir novas investigações.

Biscaia disse que a comissão pode rever cada caso dependendo dos indícios reunidos contra eles na Justiça.

¿ Existe uma divergência. Por isso, vamos analisar os casos. Eles poderão ser incluídos (no relatório final) se as provas forem contundentes.

Na primeira fase, a CPI investigou 90 parlamentares. Pediu a abertura de processos contra 72 e isentou 18. Dos inocentados, 14 tiveram tratamento mais rigoroso da Procuradoria Geral da República e tiveram os nomes enviados ao STF para abertura de inquérito. Dois são do Rio: Itamar Serpa (PSDB) e Dr.Heleno (PSC).

Os quatro deputados restantes ¿ Josias Quintal (PSB-RJ), Nilton Baiano (PP-ES), Paulo Magalhães (PFL-BA) e Saraiva Felipe (PMDB-MG) ¿ foram poupados pela CPI e, pelo menos até agora, também pelo procurador-geral. Quase todos os deputados inocentados pela CPI mas investigados pela Justiça foram acusados pelo chefe da máfia dos sanguessugas, o empresário Luiz Antônio Vedoin, de terem negociado propina em troca da apresentação de emendas para a compra de ambulâncias.

Procuradoria pode pedir a abertura de novos inquéritos

Inocentado pela CPI e investigado pelo STF, o líder do PP na Câmara, Mário Negromonte (BA), queixou-se da Procuradoria. Ele divulgou carta enviada a ele pelo presidente da CPI informando que, até o relatório parcial, não há provas contra ele.

¿ A Procuradoria não foi zelosa, colocou tudo na mesma vala comum ¿ disse.

Por outro lado, a Procuradoria deixou de fora dois parlamentares incluídos na lista de pedidos de abertura de processos de cassação da CPI ¿ a senadora Serys Slhessarenko (PT-MT) e o deputado Cleuber Carneiro (PTB-MG). A Procuradoria informou que ainda analisa casos de suspeitos e que pode pedir a abertura de novos inquéritos.