Título: PARA SEREM SOLTOS, EX-DETENTOS TÊM DE PULAR MURO
Autor: Flávio Freire
Fonte: O Globo, 16/07/2006, O País, p. 13

Penitenciária de Araraquara foi destruída por criminosos durante rebelião e agora portas estão soldadas

ARARAQUARA (SP). Presos em fevereiro deste ano em situações diferentes, Renan, André e Adriano foram levados para a Penitenciária de Araraquara e lá presenciaram, no mês passado, a rebelião que destruiu todo o complexo. O GLOBO estava na cidade no momento em que eles foram soltos.

Um camburão deixou os três em frente a uma área de matagal, só com a roupa do corpo, sem que nenhum parente estivesse esperando. Para deixar o presídio, ainda sem infra-estrutura, os três tiveram que escalar um muro de 30 metros com a ajuda de uma corda feita de lençóis, como as ¿teresas¿ usadas em fugas.

Por causa do motim, no qual os presos fizeram dez reféns (nove agentes penitenciários e um médico), a direção do presídio determinou que todas as portas da penitenciária fossem soldadas. No pátio onde os três estavam até sexta-feira à noite, ninguém entrava ou saía.

Comida para os detentos era jogada por cima dos muros

Não havia água potável ou energia elétrica. A comida era jogada por cima dos muros ou chegava aos presos por uma espécie de gaiola. Na rebelião, os presos também destruíram as dependências da cozinha e da enfermaria.

Segundo a polícia, o presídio tem capacidade para abrigar 700 detentos, mas 1.700 dividiam o espaço na semana passada.