Título: AGENTES VÃO MANTER PROTESTOS NOS PRESÍDIOS
Autor: Adauri Antunes Barbosa/Gelson Netto
Fonte: O Globo, 05/07/2006, O País, p. 12

Sindicalista afirma que ameaças da maior facção criminosa de São Paulo provocam guerra de nervos nas cadeias

PRESIDENTE PRUDENTE e SÃO PAULO. Funcionários dos presídios paulistas anunciaram que vão manter até domingo os protestos contra as ameaças que vêm sofrendo dos chefes da facção criminosa presos nas penitenciárias do estado. Desde o fim de semana passado, a categoria, com 35 mil agentes penitenciários, faz manifestações paralisando serviços como o banho de sol dos presos, a entrada de advogados, o envio e o recebimento de correspondências.

- Enfrentamos uma situação muito tensa por causa das ameaças de morte que partem dos detentos. Todos estão temerosos e apreensivos - disse ontem o diretor do Departamento de Formação e Política Sindical do Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo (Sifuspesp), Luiz Antônio Ribeiro dos Santos.

Ontem, a paralisação ocorria em 33 das 144 penitenciárias do estado, de acordo com o sindicato. Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo, a greve parcial continuava em 30 unidades prisionais. Uma das penitenciárias atingidas é a P2 de Presidente Venceslau, no oeste paulista, onde estão 400 chefes da maior facção criminosa do estado. Ribeiro dos Santos explicou que apenas os serviços essenciais são mantidos pelos agentes:

- Estamos fazendo uma manifestação de luto pela morte de 17 servidores do sistema prisional paulista desde maio, vítimas de ações do crime organizado.

O sindicalista contou que o grau de ameaças aos funcionários é alto no Centro de Readaptação Penitenciária (CRP) de Presidente Bernardes, considerada a mais segura do país, onde houve nos últimos dias tumultos e quebra-quebras que precisaram da intervenção da Tropa de Choque da Polícia Militar.

- É uma guerra de nervos - afirmou.

O sindicalista defende maior rigor nas normas de relacionamento com os presos e a redução das visitas. Ele também apóia uma mudança na legislação que permita à Justiça punir com mais rigor ações contra agentes públicos.

- Muitos dos crimes contra os servidores são praticados por 'soldados' da facção criminosa fora das cadeias sem condenações ou condenados por pequenos furtos que agem em nome da facção - disse.

Desde a quarta-feira houve quatro execuções de agentes penitenciários. Na última segunda-feira, um soldado da PM do Batalhão de Choque também foi assassinado.

*Especial para O GLOBO