Título: CPI DOS SANGUESSUGAS CONVOCA SEIS PESSOAS PARA DEPOR
Autor: Demétrio Weber
Fonte: O Globo, 29/06/2006, O País, p. 13

Entre elas está o dono da Planam; comissão decide não chamar os cerca de 45 parlamentares envolvidos

BRASÍLIA. A CPI dos Sanguessugas aprovou ontem requerimentos convocando seis pessoas para depor, entre elas a ex-assessora especial do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino e o empresário Darci Vedoin, dono da Planam. A empresa é acusada de coordenar o esquema de fraude e compra superfaturada de ambulâncias com verbas do Ministério da Saúde.

A comissão decidiu não chamar os cerca de 45 parlamentares acusados de envolvimento. Eles devem apresentar a defesa por escrito e depor em eventuais processos de cassação.

A CPI também aprovou a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de Darci Vedoin e alguns de seus parentes, de Maria da Penha e de duas empresas, a Planam e a Santa Maria Comércio. Esses sigilos já foram quebrados na investigação do Ministério Público Federal. Na prática, a CPI está apenas garantindo o direito de receber o material, que está com o MP.

Delegado e procurador serão ouvidos pela comissão

Os primeiros depoimentos serão prestados semana que vem pelo delegado da Polícia Federal Tardelli Boaventura, que conduziu a investigação da Operação Sanguessuga, e o procurador da República Mário Lúcio Avelar. A CPI quer se inteirar do trabalho já realizado, antes de ouvir os acusados.

O deputado Robson Tuma (PFL-SP), que conduziu a investigação da comissão de sindicância da Corregedoria da Câmara, deverá apresentar suas conclusões à CPI . A Procuradoria Geral da República pediu abertura de inquérito contra quinze parlamentares no Supremo Tribunal Federal e deverá fazer o mesmo com outros 30.

O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) entregou ao relator, senador Amir Lando (PMDB-RO), cópia do livro-caixa da Planan, das degravações de conversas telefônicas gravadas pela PF com autorização judicial e da denúncia do MP Federal em Mato Grosso. Para ele, o maior desafio da CPI será enfrentar o corporativismo.

A CPI aprovou 14 requerimentos pedindo informações à PF, ao MP, ao Tribunal de Contas da União (TCU), à Controladoria Geral da União (CGU) e ao Ministério da Saúde. E também para ter acesso a documentos da comissão de sindicância da CGU, que ficou de enviar 120 processos relativos a casos de superfaturamentos na compra de ambulâncias por prefeituras.

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