Título: ADVOGADO É PRESO POR PASSAR ORDENS DE FACÇÃO
Autor: Ana Paula de Carvalho
Fonte: O Globo, 16/05/2006, O País, p. 13

Paraná registrou seis rebeliões, que terminaram com cinco pessoas feridas e carros incendiados por detentos

CURITIBA. O advogado André Lanzoni Pereira foi preso ontem em flagrante pelo Centro de Operações Policiais Especiais do Paraná (Cope), acusado de ter sido mensageiro da facção criminosa que domina o crime organizado nos presídios do estado. Segundo o Cope, ele transmitiu aos detentos a determinação de organizar movimentos em pelo menos três penitenciárias no Paraná.

O advogado foi preso quando visitava o Centro Provisório de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba.

¿ Ele manteve contato com quatro presos, dois de cada ala, buscando informações sobre o andamento do movimento na unidade. Ele deu ordem para que eles tomassem imediatamente as providências dadas pela facção ¿ disse o advogado criminalista Dálio Zippin Filho, que acompanhou a prisão.

Além do Centro Provisório, o advogado pretendia visitar a Casa de Custódia e a Prisão Provisória, ambas em Curitiba, levando ordens da facção criminosa, para a qual estaria trabalhando desde 2002. Com essa prisão, acredita Zippin Filho, foram evitadas pelo menos outras três rebeliões nas prisões do Paraná.

As autoridades paranaenses controlaram ontem a rebelião que começou domingo em Foz do Iguaçu. No total, o estado registrou seis motins, que deixaram saldo de cinco feridos. Em Foz do Iguaçu, após 24 horas de tensão, foram mantidos quatro reféns: um agente penitenciário e três presos. Um dos detentos rebelados pulou do telhado por ter sido jurado de morte e quebrou uma perna.

Durante a rebelião em Foz do Iguaçu, os presos incendiaram colchões, que foram jogados perto dos carros. Um dos veículos, da Polícia Civil, foi atingido e pegou fogo, e outro foi parcialmente destruído por pedradas. O carro de um policial militar também foi incendiado. Nas negociações com os rebelados, o juiz da Vara de Execuções Penais, Lourenço Chemim, garantiu maior agilidade ao andamento dos processos.

Em Campo Mourão, 17 presos se rebelaram e mantiveram 21 reféns, entre eles um carcereiro, ontem. A Polícia Militar controlou a situação.

Em resposta às reclamações dos presos de superlotação nas prisões, o governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), prometeu que nos próximos meses serão construídas dez penitenciárias no estado:

¿ O que tivemos foi um protesto até razoável em algumas cadeias públicas, motivados por problemas de superlotação.

(*) Especial para O GLOBO