Título: COMBATE NO MAR MATA MAIS DE 40 NO SRI LANKA
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Fonte: O Globo, 12/05/2006, O Mundo, p. 33

Rebeldes tamis deflagram batalha naval de 3 horas contra forças do governo

VAVUNIYA, Sri Lanka. Rebeldes tamis atacaram um navio de transporte de tropas do governo do Sri Lanka, numa batalha naval que durou quase três horas e matou pelo menos 45 pessoas. De acordo com observadores internacionais, os Tigres Tamis, que querem a independência do norte e do leste da ilha do Sri Lanka, no Oceano Índico, usaram 15 barcos no ataque, alguns em investidas suicidas. Em reação, o governo bombardeou alvos dos rebeldes em terra, no que pode ser o fim da trégua declarada em 2002 depois de 20 anos de guerra civil.

O navio de transporte, Pearl Cruise, tinha 710 militares a bordo, todos desarmados. Entre eles estava um observador internacional, que não foi ferido no ataque. Barcos de escolta não permitiram que os rebeldes chegassem ao transporte, mas um deles foi afundado, matando 15 soldados. Entre 30 e 50 guerrilheiros foram mortos e cinco de suas embarcações, afundadas, segundo as autoridades militares. O navio de transporte fugiu para águas territoriais da Índia e não foi atingido.

¿ Eles atacaram o Pearl Cruise, que só tinha soldados desarmados e levava a bandeira (dos observadores) no topo. É uma grande violação ¿ disse o general Ulf Henricsson, comandante da missão de observadores no país. ¿ É praticamente o mesmo que acabar com o cessar-fogo por vontade própria.

Guerra civil matou 65 mil pessoas desde 1983

Henricsson acrescentou que rebeldes atacaram também dois postos de controle fora da área tamil onde havia observadores, que quase foram atingidos.

¿ Este foi um ataque muito grave, uma transgressão evidente do acordo de cessar-fogo ¿ disse o porta-voz do governo, Keheliya Rambukwella.

Segundo o acordo de cessar-fogo, as águas territoriais do Sri Lanka ficavam sob a autoridade do governo. Os militares reagiram bombardeando posições dos guerrilheiros.

¿ A Força Aérea bombardeou nosso território, mas nada foi destruído aqui ¿ disse o porta-voz do grupo, Daya Master.

No mês passado, combates entre militares e rebeldes mataram cerca de 200 pessoas, o que faz muitos acreditarem que a guerra civil recomeçou. Desde 1983, 65 mil pessoas morreram em combates e atentados.