Título: FOME AFETA 14,8% DE CRIANÇAS ASSENTADAS
Autor: Demétrio Weber
Fonte: O Globo, 29/04/2006, O País, p. 14

Desnutrição em áreas da reforma agrária no Nordeste é maior que no semi-árido

BRASÍLIA. A desnutrição infantil em assentamentos da reforma agrária no Nordeste é duas vezes maior do que entre a população do semi-árido, a região mais pobre do país, que engloba os estados nordestinos e o norte de Minas Gerais e do Espírito Santo. Pesquisa divulgada ontem pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome mostra que, nos assentamentos da região, 14,8% das crianças menores de cinco anos tinham altura abaixo do previsto para idade. No semi-árido, outro levantamento também concluído esta semana constatou que a taxa é de 6,6%.

O secretário de Avaliação e Gestão da Informação, Rômulo Paes de Sousa, considerou preocupante a situação:

¿ É um dado preocupante, pois está mais próximo da situação que todo o Nordeste vivia em 1996, de 17,9%. Precisamos fazer um grande investimento para melhorar a condição nutricional das famílias assentadas ¿ disse ele, propondo que o governo intensifique as políticas sociais nos assentamentos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Dados foram recolhidos em 40 municípios de dez estados

A pesquisa levantou dados de 1.428 crianças menores de cinco anos em 75 assentamentos de 40 municípios, em dez estados. O ministério estima que 102 mil crianças de até cinco anos vivam em assentamentos do Incra no semi-árido. A população infantil de até 5 anos do Nordeste é estimada em 2,3 milhões.

O secretário admitiu que a taxa de desnutrição mais elevada entre os assentados não surpreende, uma vez que a população rural tem menos acesso a serviços de saúde e educação.

O Incra informou que vai analisar os dados divulgados pelo ministério para ver onde pode intensificar suas ações sociais.