Título: BOLÍVIA: PETROBRAS NÃO SERÁ PRESTADORA
Autor: Flávia Oliveira/Eliane Oliveira
Fonte: O Globo, 05/04/2006, Economia, p. 27

Gabrielli diz que companhia quer continuar atuando na produção

BELO HORIZONTE. Um dia depois de o presidente da Bolívia, Evo Morales, ter afirmado que não vai tomar de volta os campos das multinacionais que exploram petróleo e gás de seu país, a Petrobras deixou claro que a única área de atuação pela qual se interessa naquele país é a produção. O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, afirmou que a companhia não quer ser prestadora de serviços na Bolívia, embora atue dessa forma no México, onde a legislação proíbe a exploração de petróleo por empresas estrangeiras.

- Nossa estratégia não é ser prestadora de serviços, nossa estratégia é ser uma produtora de petróleo e gás. Estamos dispostos a fazer todas as parcerias necessárias para isso - disse Gabrielli.

Ele aproveitou o último dia da reunião anual do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), realizada na capital mineira, para comemorar a retomada das negociações com o governo boliviano que estavam, em suas palavras, "atrasadas". Após um encontro na segunda-feira entre Gabrielli e Evo Morales, ficou acertado que uma missão técnica boliviana se reunirá com a Petrobras em dez dias, no Rio de Janeiro.

- As conversas retomaram um ritmo adequado - disse.

Gabrielli: 'Sempre quisemos ser sócios da Bolívia'

Em resposta à afirmação de Morales sobre as multinacionais de que seu governo não quer patrões, quer sócios, Gabrielli disse que a Petrobras sempre externou sua intenção de ser parceira da Bolívia nas áreas de petróleo e gás:

- Quando o presidente Morales esteve aqui pela primeira vez, eu disse a mesma frase. Queremos ser sócios da Bolívia e sócios da YPFB. A Petrobras sempre disse que pretende aumentar a presença na Bolívia.

Sem entrar em detalhes sobre qual será a posição da Petrobras na mesa de negociação, Gabrielli disse que a estatal aceita rediscutir preços do contrato de fornecimento de gás com a Bolívia. A companhia, que já é responsável por quase um quarto da arrecadação de impostos daquele país, tem um contrato que fixa a correção de tarifas, até 2019, para até 24 milhões de metros cúbicos de gás transportados para o Brasil.

Segundo Gabrielli, a Petrobras admite negociar o gás adicional. Hoje, a estatal transporta para o Brasil cerca de 26 milhões de metros cúbicos, mais da metade da demanda brasileira, de 42 milhões.

O presidente da Petrobras disse que a empresa está intensificando, "o máximo possível", seus projetos de ampliação da produção de gás no Brasil, mas negou que a decisão esteja relacionada à crise com o governo boliviano.

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