Título: ARGENTINA DEVE CRESCER MAIS DE 9%
Autor: Janaína Figueiredo
Fonte: O Globo, 14/02/2006, ECONOMIA, p. 18

Crise da aftosa preocupa e Kirchner já vê perda de 20% na exportação de carne

BUENOS AIRES. A Argentina teve em 2005 crescimento superior a 9%, segundo dados preliminares divulgados ontem pelo jornal "Clarín". O resultado oficial será confirmado pelo Indec (IBGE argentino) quinta-feira, mas tudo indica que o governo do presidente Néstor Kirchner terá motivos para comemorar. Pelas informações publicadas no jornal, a economia avançou 9,1% em 2005, acima dos resultados de 2004 (8,8%) e 2003 (8,7%). Se a estimativa for confirmada, a Argentina terá acumulado 37 meses consecutivos de crescimento, após a crise econômica que causou queda de 20% do PIB. O resultado do ano passado, segundo economistas, permite estimar crescimento de 7% para 2006. A principal pedra no sapato do governo é a escalada de preços. Desde a desvalorização do peso, em 2002, a inflação acumulada é de 76,4%. Em 2005, subiu 12,3%, e este ano deve ser de 8% a 11%. Apesar das boas notícias, o governo já admite perdas com a descoberta de um foco de aftosa no país e espera uma queda de 20% nas exportações de carne este ano, o que representa um prejuízo de US$280 milhões. A estimativa é otimista, já que associações de produtores rurais argentinos calculam que o país poderia perder até US$700 milhões em conseqüência da suspensão das vendas por causa da aftosa. - Apesar do grande impacto que era esperado, estamos estimando perdas que não chegam a 20% (do total das exportações argentinas) - disse o secretário da Agricultura argentino, Miguel Campos. O principal objetivo do país é evitar que a União Européia, que em 2005 absorveu 38% das exportações de carne argentina, feche seus mercados. Os negociadores da UE devem se reunir amanhã em Bruxelas para avaliar a situação e anunciar uma decisão sobre as importações de carne da Argentina.