Título: ONU: 1,8 milhão de pessoas sem comida
Autor:
Fonte: O Globo, 03/01/2005, O Mundo, p. 20

A FÚRIA DAS TSUNAMIS: AJUDA HUMANITÁRIA AINDA ENCONTRA DIFICULDADE EM CHEGAR A ÁREAS ATINGIDAS MAIS REMOTAS

Banco Mundial pode triplicar US$250 milhões oferecidos a países afetados. Powell defende EUA de críticas

BANDA ACEH, Indonésia. Uma semana após o cataclismo que se abateu sobre as margens do Oceano Índico, a ONU advertiu ontem que 1,8 milhão de pessoas ainda precisam receber comida nas áreas mais remotas dos países atingidos, sobretudo em Aceh, nas ilhas indianas de Andaman e Nicobar, em Puntland, na Somália, e no Sri Lanka. A falta de comida contribui para enfraquecer ainda mais as populações já castigadas pelo maremoto e ameaçadas pela possível ocorrência de epidemias.

O coordenador de ajuda humanitária da ONU, Jan Egeland, disse que nos próximos dois dias a comida chegará a 700 mil cingaleses, mas reconheceu que será mais difícil assistir um milhão de aceneses que necessitam urgentemente de alimentos. No geral, porém, Egeland mostrou-se mais confiante de que a ação internacional de ajuda às vítimas da catástrofe esteja sendo coordenada com mais eficiência. Segundo ele, centenas de organizações de assistência humanitária estão trabalhando junto com a ONU.

¿ Estou mais otimista hoje do que ontem de que a comunidade global será capaz de enfrentar este enorme desafio. O sistema internacional está funcionando ¿ assegurou.

No Rio, linha de 0800 para coordenar ajuda a Sri Lanka

Ontem, o Banco Mundial anunciou que poderá triplicar a ajuda financeira de US$250 milhões aos países afetados pela catástrofe. Por sua vez, o secretário de Estado americano, Colin Powell, e o governador da Flórida, Jeb Bush, irmão do presidente George W. Bush, partiram numa missão para avaliar a devastação. Powell defendeu o governo americano das críticas à resposta dos EUA ao cataclismo. Inicialmente, Washington ofereceu US$35 milhões, e após uma série de condenações, subiu a oferta para US$350 milhões.

¿ A resposta americana tem sido apropriada. Ela aumentou conforme a escala do desastre foi sendo mais amplamente conhecida ¿ disse Powell à rede de TV NBC.

No Rio, voluntários começaram a embalar as doações para o Sri Lanka na sede do 23º BPM, no Leblon. Ao todo, 60 toneladas de remédios, roupas e alimentos já foram recolhidas. Hoje, parte segue num vôo cedido pela Varig, e começa a funcionar uma linha telefônica (0800-20-2000) para receber ajuda.