Título: ARGENTINOS ENTERRAM VÍTIMAS DE INCÊNDIO
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Fonte: O Globo, 03/01/2005, O Mundo, p. 20

Número de mortes sobe para 182. Secretário de Justiça pede demissão

BUENOS AIRES. Os cemitérios de Buenos Aires amanheceram ontem com dezenas de funerais de vítimas do incêndio da casa de shows República Cromagnon, na noite de quinta-feira. Enquanto centenas de pessoas choravam a perda de parentes e amigos, o governo anunciava que o número de mortes confirmadas subiu para 182, na pior tragédia de causas não naturais da história da Argentina.

Segundo o diretor do Serviço de Emergências de Buenos Aires, Julio Salinas, há 263 pessoas internadas, sendo que 117 destes estão em estado grave.

Ontem à noite, familiares e amigos de mortos e feridos no incêndio fizeram uma passeata em frente à sede do governo de Buenos Aires, batendo panelas e exigindo a demissão do prefeito, Aníbal Ibarra. Horas antes, o secretário de Justiça e Segurança Pública, Juan Carlos López, tornara-se a primeira baixa política da tragédia ao pedir demissão. Sua pasta é a responsável pela fiscalização das condições de segurança das casas comerciais da cidade.

López reconheceu que a boate ¿teve poucas inspeções ao longo do tempo¿ desde que conseguiu permissão para funcionar há sete anos e confirmou que a última verificação foi em 2003:

¿ O sistema de controle da cidade tem um imenso número de problemas, deficiências e casos de corrupção em toda a área de verificações. O que torna isto tudo mais absurdo é que a casa possuía uma saída de emergência que era um portão para caminhões. Se esta saída estivesse aberta, haveria alguns feridos e não esta tragédia horrenda.

A juíza María Angélica Crotto acusou ontem o dono da boate, Omar Chabán, de homicídio e lesões culposas. O grupo de jovens que atirou morteiros dentro da casa, o que provocou o incêndio, ainda não foi identificado.