Título: BOLSA FOI O MELHOR INVESTIMENTO DE 2004 E DÓLAR, O PIOR
Autor: Vagner Ricardo:Vagner da Costa Ricardo
Fonte: O Globo, 31/12/2004, Economia, p. 25

Bovespa subiu 17,8% no ano. Já a moeda americana caiu quase 8%, acumulando perda de 25% desde 2003

Pela segundo ano consecutiva, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) foi o investimento mais rentável e o dólar, a pior aplicação. Em 2004, a Bovespa subiu 17,8% e atingiu um novo recorde histórico no último pregão de dezembro: 26.196 pontos, com alta de 0,13% no Ibovespa, o principal índice da bolsa. O ganho real da Bovespa foi de 9,87% ou de 4,88%, no ano, descontando-se, respectivamente, a inflação pelo IPCA (7,3% na projeção da Andima) e pelo IGP-M (12,41%). Mas ficou bem abaixo do resultado de 2003, quando o ganho real superou 80% pelos dois indexadores.

- A valorização de quase 18% no ano foi razoável, tendo em vista que o choque nos preços do petróleo e o ritmo da economia americana atrapalharam a desenvoltura da Bovespa. Mesmo aquém da efetiva melhora apresentada pela economia brasileira, pelo menos, a bolsa permaneceu como a aplicação mais rentável de novo - lembrou o diretor da Ágora Sênior, Álvaro Bandeira.

Ações da Acesita e Ipiranga mais que dobram no ano

Apostas em determinados setores da Bovespa garantiram ganhos muito elevados, como no caso dos papéis de Acesita PN (alta de 135,4% no ano), Ipiranga Petroquímica (110%) e Braskem PN (101,6%), segundo dados da Economática até o penúltimo pregão de 2004. E a perspectiva é de que as ações de siderúrgicas e mineradoras continuem a obter ganhos, em razão dos reajustes de preços esperados para início do ano, disse o consultor da corretora Fator, Gil Deschatre.

Também os fundos de ações da Vale do Rio Doce e da Petrobras superaram a rentabilidade do Ibovespa, com ganhos de 34,56% e 30,46%, até o dia 23. As aplicações atreladas aos juros, como os fundos de renda fixa e DI, tiveram ganhos entre 15,26% e 15,69% no ano, acompanhando a alta da taxa Selic.

Já o dólar comercial acumulou uma rentabilidade negativa nominal de quase 8% no ano. A moeda fechou a R$2,652 para venda ontem e, em dois anos, a perda é da faixa de 25%, lembrou o gerente da área técnica da Andima, Luiz Macahyba.

Ontem, sem a intervenção do Banco Central (BC), o dólar comercial manteve sua trajetória de queda. Fechou com desvalorização de 0,56%, após a disputa entre vendidos e comprados no mercado futuro, de olho na formação da Ptax (a taxa média da moeda que serve para liquidar os contratos) para o próximo vencimento na BM&F, que acontece na próxima semana, explicou o analista Mário Paiva, da corretora Liquidez.

Ouro registrou perda nominal de 2,85%

A queda do dólar comercial afetou também o rendimento do ouro, que encerrou o ano com queda nominal de 2,85% no ano. Já a poupança, dada a inflação mais alta este ano, fechou 2004 com uma valorização pífia ou no terreno negativo, dependendo do índice usado para calcular o ganho real. Teve valorização de 0,74% pelo IPCA ou perda de 3,84% pelo IGP-M.

O consultor da corretora Fator, Gil Deschatre, reconheceu que o ganho real dos investimentos no ano "foi ridículo". A causa foi a inflação mais alta, provocada pelo choque de preços do petróleo e do aço, que afetou duramente o rendimento das aplicações.

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