Título: Multa por vazamento de óleo é de R$ 1 milhão por dia
Autor: Roberta Canetti
Fonte: O Globo, 19/11/2004, O País, p. 14

O Ibama multou ontem quatro empresas pelo vazamento de óleo do navio chileno Vicuña, que explodiu na noite de segunda-feira no Porto de Paranaguá (PR). A multa é de R$ 250 mil para cada uma delas ¿ a agência marítima Wilson Sons, a empresa Sociedad Naviera Ultragas, que fretou a embarcação, a seguradora P&EI e a Catallini (responsável pelo terminal) ¿ e vai ser repetida diariamente, até que sejam cumpridas as exigências do Ibama. Entre elas, a instalação de novas barreiras de absorção do óleo.

O ministro José Fritsch, da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, visitou ontem o porto e anunciou a liberação de R$ 1,7 milhão para pagar, por três meses, o seguro-defeso a 1.500 pescadores das baías de Paranaguá, Antonina e Guaraqueçaba. Eles perderam a fonte de renda por tempo indeterminado, já que a pesca foi suspensa pelo Ibama em virtude do vazamento e só deve ser liberada daqui a dez meses. Cerca de 3.000 pescadores ficaram sem trabalho.

Mancha avança em direção ao litoral de São Paulo

A mancha de óleo combustível que vazou do navio chileno Vicuña, depois da explosão de dois tanques da embarcação, na última segunda-feira, no Porto de Paranaguá (PR), está avançando em direção ao litoral sul de São Paulo. Técnicos do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) encontraram resíduos de óleo diesel e óleo bunker (de motor de navio) a 30 quilômetros do píer da Catallini Terminais Portuários, onde ocorreu o acidente.

Biólogos do Instituto Ambiental do Paraná, do Ibama e de ONGs (Organizações Não-Governamentais) ambientalistas capturaram focas, tartarugas e biguás que vão ser tratados, depois do contato com o óleo. Ainda não há um levantamento da quantidade de peixes e outros animais marinhos mortos. De acordo com o diretor do IAP, José Augusto Picheth, a situação ainda é crítica na embarcação.

¿- O vazamento ainda não foi contido. Não pára de sair óleo da embarcação. Ainda não sabemos o volume total do vazamento, mas a informação é de que ainda havia 1 milhão 150 mil litros de óleo bunker e 150 litros de diesel na embarcação no momento da explosão. Havia quase 6 milhões de litros de metanol no navio e parte da carga pode estar nos tanques que não cederam com a explosão ¿ disse.

A operadora Catallini Terminais Portuários e a agência marítima Wilson Sons só contrataram empresas para fazer a contenção do vazamento de óleo diesel e metanol e a limpeza da área ontem de manhã. Até então, o trabalho estava sendo feito por 350 funcionários dos terminais privados da Catallini e da Transpetro e técnicos do Instituto Ambiental do Paraná, do Ibama, do Porto de Paranaguá e da Capitania dos Portos.

Foi montada uma comissão de gerenciamento de desastres para apurar as causas do acidente, junto de dois peritos da Polícia Federal. Os peritos trabalham com informações e também com especulações. Uma é a de que o navio estaria abastecendo ao mesmo tempo em que descarregava o metanol. Não está descartada nem a hipótese de atentado.

Corpos de dois tripulantes ainda estão desaparecidos

O Corpo de Bombeiros ainda não encontrou os corpos dos outros dois tripulantes mortos na explosão. Além dos terminais de inflamáveis, da Catallini e da Transpetro, a superintendência do Porto de Paranaguá interditou também o terminal da Fospar, que fica a 200 metros do local do acidente. De acordo com Eduardo Requião, superintendente do Porto de Paranaguá, até que estejam totalmente descartados os riscos de outras explosões, as operações com granéis líquidos, que são os óleos combustíveis, produtos químicos, óleos vegetais e álcool, vão ficar suspensas. Um navio carregado com fertilizante, a base de amônia, foi impedido de atracar no píer da Fospar.