Título: ACABA SEQÜESTRO DE ENVOLVIDO NO ROUBO DO BC
Autor: Isabela Martin
Fonte: O Globo, 08/12/2005, O País, p. 14

FORTALEZA. Terminou ontem, após oito dias, o seqüestro do empresário cearense José Elizomarte Fernandes Vieira, um dos envolvidos no roubo ao Banco Central de Fortaleza. Ele foi libertado no começo da madrugada, numa rodovia estadual no município de Acarape, a cerca de 50 quilômetros de Fortaleza. A família pagou resgate. A polícia não tem pistas, mas não descarta a participação de integrantes da quadrilha no seqüestro.

Elizomarte e o irmão, Francisco Dermival Fernandes Vieira, respondem a processo na 11ª Vara da Justiça Federal por lavagem de dinheiro. Donos da revenda de veículos Brilhe Car, eles venderam 11 carros para a quadrilha que roubou o BC. Passaram 42 dias presos na Superintendência da Polícia Federal, devolveram o dinheiro que teriam recebido pelo negócio (R$980 mil) e foram libertados por força de um hábeas-corpus.

Cinco quilos mais magro e com a barba por fazer, o empresário contou que, na terça-feira passada, foi abordado por três homens quando ia para casa. Eles disseram ser policiais e mandaram que parasse o carro. Elizomarte foi encapuzado e levado para o cativeiro.

Trajeto para cativeiro durou cerca de quatro horas

O trajeto até o esconderijo teria durado cerca de quatro horas. Elizomarte disse que foi mantido o tempo todo num quarto escuro. Apesar da abordagem dos bandidos ter ocorrido numa avenida movimentada, perto do maior shopping center da cidade e ao lado de um supermercado, não há até agora qualquer testemunha.

As negociações foram conduzidas pela família que, seguindo orientação dos seqüestradores, pediu à polícia para ficar fora do caso. A polícia foi informada da libertação do empresário por um telefonema de um advogado da família.

Elizomarte disse que foram oito dias de sofrimento:.

¿ Ficava em pânico, em desespero, sem saber se iria voltar para casa.

Para resolver caso, polícia pede ajuda à população

Sem pistas dos bandidos e do cativeiro, a polícia disse que respeitou o pedido dos parentes da vítima, mas que agora vai intensificar a investigação. O delegado do Departamento de Inteligência da Polícia Civil, Luiz Dantas, pediu ajuda e informações à população.

Segundo a família, os seqüestradores fizeram dez contatos telefônicos. No primeiro, Elizomarte chegou a falar com ela e dizer que estava bem. Portador de uma doença rara no intestino, conhecida como síndrome de Crown, que o obriga a tomar remédio controlado diariamente, a saúde dele era uma das maiores preocupações. O empresário passou o dia na casa do irmão onde foi ouvido informalmente pela polícia. O depoimento oficial deve acontecer hoje.