Título: MAIS UMA DENÚNCIA CONTRA DIRCEU
Autor: Maria Lima/Carolina Bri
Fonte: O Globo, 07/10/2005, O País, p. 8

Onyx Lorenzoni acusa petista de falsidade ideológica por causa de empréstimo do PT

BRASÍLIA. Em sessão secreta da CPI dos Correios ontem, o deputado Onyx Lorenzoni (PFL-RS) entregou ao relator Osmar Serraglio (PMDB-PR) nova denúncia contra José Dirceu (PT-SP). De posse da documentação fiscal dada à CPI pelo próprio Dirceu, Onyx o acusa de ter cometido crimes de falsidade ideológica e de responsabilidade ou infração político-administrativa por ter omitido de suas declarações de Imposto de Renda de 2004 e 2005 um empréstimo de R$14.322,51 contraído junto ao PT em 2002.

O dinheiro foi devolvido ao partido em parcelas de R$2.400 de dezembro de 2003 a maio de 2004, mas a operação não consta das declarações de renda dos anos seguintes. Os documentos foram repassados por Serraglio ao relator do processo de cassação de Dirceu no Conselho de Ética, deputado Júlio Delgado.

Segundo Onyx, se comprovadas as irregularidades, a informação também será incluída no relatório final da CPI dos Correios. Ainda que a omissão não signifique sonegação fiscal, diz, a declaração inexata é crime de falsidade ideológica, passível de perda de mandato.

Na época da operação, Dirceu era presidente do PT. O presidente Lula e o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), também se beneficiaram de repasses do Fundo Partidário nesse período, o que, diz Onyx, é vedado por lei:

- Dirceu está como Al Capone, que cometeu os piores crimes, enganou todo mundo e só foi pego por sonegação fiscal.

Serraglio afirma que Dirceu deveria ter registrado a operação na declaração de renda.

- O certo seria ele ter declarado ao Imposto de Renda no dia 31 de dezembro todos os débitos que tivesse.

Em nota, Dirceu informou que o dinheiro não foi declarado porque não era resultado de empréstimo. "Fica patente que o intuito (...) é criar mais um fato político na tentativa de demonizar minha imagem". O ex-ministro afirma que recebeu adiantamentos para custear viagens e reembolsou o partido. O secretário nacional de Finanças do PT, José Pimentel, disse em nota que as acusações de Onyx são falsas e confirma que os R$14,3 mil foram adiantamentos.