Título: PESO TAMBÉM EM ESTADOS E MUNICÍPIOS
Autor: Regina Alvarez e Mariza Louven
Fonte: O Globo, 26/09/2005, Economia, p. 15

Governos locais começaram a privatizar em 1997

BRASÍLIA. Os governos estaduais e municipais também têm empresas estatais, com resultados distintos. O Serviço de Comunicações Telefônicas de Londrina (Sercomte), empresa de telefonia fixa e móvel do município, criada em 1964, talvez seja um dos casos de maior sucesso. É considerada empresa-modelo num ramo dominado por gigantes privadas, muitas delas estrangeiras. Do outro lado, estão bancos e empresas de energia com enormes problemas e que, para serem privatizadas, tiveram o controle transferido para o governo federal.

Outra área que concentra estatais nas esferas administrativas é a de saneamento. Pouquíssimas empresas de água e esgoto do país foram privatizadas. Por isso, é tão complicado montar um marco regulatório para o setor. No primeiro semestre deste ano, a proposta do Executivo de regulamentação foi enviada ao Congresso. O governo pretende que as empresas estaduais fiquem subordinadas aos municípios, o que desencadeou uma grande reação.

A partir de 1997, foram realizadas importantes privatizações estaduais, como a da Escelsa, distribuidora de energia do Espírito Santo. Também foram vendidas participações minoritárias na Companhia Riograndense de Telecomunicações (CRT) e na Cemig, empresa de energia de Minas Gerais. As privatizações chegaram a US$14,9 bilhões em 1997.

Em fevereiro de 1999, a Elektro foi vendida por US$215,86 milhões, um ágio de 98,9% sobre o preço mínimo. Foram alienadas também para a iniciativa privada as geradoras de energia criadas com a cisão da Companhia Energética de São Paulo (Cesp). A Companhia de Geração de Energia Elétrica Paranapanema foi adquirida pela americana Duke Energy Corp. por R$1,239 bilhão. Já a venda da Companhia de Geração de Energia Elétrica Tietê para a americana AES rendeu R$938,6 milhões.

Em 2000, a Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) foi comprada por um consórcio liderado pela espanhola Iberdrola. A Cemar, distribuidora de energia do Maranhão, foi adquirida pela americana Pensylvannia Power & Light. O resultado da venda de concessões e de empresas estaduais naquele ano foi de R$5,54 bilhões, incluindo as dívidas transferidas, no total de R$517 milhões.