Título: JOGO DE EMPURRA PODE ABSOLVER SEIS DEPUTADOS SOB SUSPEITA
Autor: Evandro Éboli
Fonte: O Globo, 24/09/2005, O País, p. 10

BRASÍLIA. Mesmo sem ter recebido oficialmente os processos contra os deputados acusados pelas CPIs dos Correios e do Mensalão de quebra de decoro parlamentar, o presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar (PTB-SP), divulgou nota ontem afirmando que há um entendimento no órgão de que faltam provas contra alguns deles. Não bastasse essa declaração, o PL pediu ontem a suspensão do processo contra o deputado Romeu Queiroz (PTB-MG), que recebeu R$350 mil do esquema de caixa dois de Marcos Valério. Os dois fatos levantam a suspeita de que haveria uma manobra para salvar alguns mandatos.

Os casos a que Izar se refere ainda tramitam na Corregedoria e passarão pela Mesa Diretora antes de chegar ao Conselho de Ética. Em conversas com deputados do Conselho Izar tem dito que devem ser absolvidos Pedro Henry (PP-MT), Wanderval Santos (PL-SP), Professor Luizinho (PT-SP), Roberto Brant (PFL-MG) e Sandro Mabel (PL-GO).

Nessas conversas Izar propõe que a Mesa sequer envie esses casos para o Conselho, evitando a abertura dos processos. Dos cinco, o único com processo aberto e que não pode mais ser suspenso é Sandro Mabel. O corregedor-geral da Câmara, Ciro Nogueira (PP-PI), reagiu às declarações de Izar e, sem citar seu nome, respondeu:

¿ Há gente falando demais.

Na nota, Izar diz que o Conselho de Ética não é um tribunal de exceção: ¿O seu compromisso é com a transparência, com o rigor nas investigações, com isenção e com justiça¿.

As afirmações de Izar têm causado mal-estar entre os próprios integrantes do Conselho de Ética. O deputado Orlando Fantazzini (PT-SP) disse que ele não está agindo como um magistrado:

¿ Este não é seu papel. É um desrespeito ao processo legal.