Título: CPI DO MENSALÃO COMEÇA EM MARCHA LENTA
Autor: Lydia Medeiros
Fonte: O Globo, 05/08/2005, O País, p. 4

Lando quer ter acesso à investigação da comissão dos Correios

BRASÍLIA. A CPI do Mensalão estreou ontem com o longo e repetitivo depoimento do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) e sem garantias de que vá mesmo adiante. O presidente da comissão, senador Amir Lando (PMDB-RO), quer que a CPI dos Correios encaminhe para lá tudo que já foi apurado sobre a existência do pagamento de mesada a parlamentares em depoimentos, documentos e extratos bancários, o que não é pouco, depois de quase dois meses.

Mas os comandantes da CPI dos Correios não estão nada dispostos a perder espaço para os parlamentares que ficam na sala ao lado.

A idéia, não assumida, é literalmente ¿empurrar com a barriga¿: muitas reuniões e nenhum resultado, pedidos de desculpas e nada de concreto para os vizinhos.

CPI do Mensalão quer cópias dos documentos

Os integrantes da CPI dos Correios argumentam que a comissão ganhou luz própria e não vale a pena dividir o que sabe com outra CPI que engatinha.

A CPI do Mensalão, por sua vez, quer cópias de todos os documentos já obtidos, para adiantar o serviço. O deputado Moroni Torgan (PFL-CE) sugeriu usar os mesmos assessores técnicos. Lando já pensou, inclusive, em ocupar o mesmo espaço onde são analisados documentos. Também tem dito que sua CPI poderia ter até um ¿puxadinho¿ para os documentos novos.

Durante toda a semana, Lando e o senador Delcídio Amaral (PT-MS), presidente da CPI dos Correios, marcaram encontros frustrados.

Comissão marcou depoimento de Valério

Ontem, na reunião da CPI do Mensalão, deputados federais defenderam que seja quebrado o mesmo sigilo dos investigados e dos suspeitos. E tentou até sair na frente da concorrência: marcou para a terça-feira depoimento do empresário Marcos Valério e para a quinta-feira de seu sócio, Cristiano Paz.

A CPI dos Correios pensava em convocar novamente o empresário Marcos Valério. Mas agora terá de esperar. Ou entrar em acordo com os outros parlamentares.