Título: GOVERNO DESCARTA DAR AUMENTO PARA GREVISTAS
Autor: Valderez Caetano e Demétrio Weber
Fonte: O Globo, 04/06/2005, O País, p. 11

Paulo Bernardo diz que servidores do INSS já têm reajuste programado de 22% este ano e não terão mais

BRASÍLIA. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, descartou ontem a possibilidade de dar reajuste aos servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em greve desde anteontem por aumento salarial de 18,86%. Paulo Bernardo disse que o governo precisa dar resposta a outras categorias, como a dos militares e dos funcionários do Ministério da Cultura, estes últimos em greve há cerca de dois meses.

Ele alegou que os servidores do INSS já têm reajuste programado de 22% para este ano, resultado de acordo feito em 2003. Paulo Bernardo deverá se reunir com sindicalistas na semana que vem para fixar um cronograma de discussão das reivindicações do movimento. A Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef) aposta que a greve crescerá a partir de segunda-feira, com novas adesões nos estados e de outras categorias.

A Federação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenasps) diz que o acordo negociado em 2003 pelo então ministro Ricardo Berzoini com os servidores do INSS serviu para reparar perdas sofridas no governo Itamar. E rejeita a proposta de reajuste linear de 0,1% feita pelo governo em 2005.

¿ Não há como atender à reivindicação dos funcionários da Previdência porque eles já estão tendo 22% este ano. O governo foi obrigado a reconhecer uma dívida, que no total chegou a 47%. Eles alegam que é correção, mas está batendo no contracheque todo mês. Há outros setores com defasagem: militares e Ministério da Cultura ¿ afirmou Paulo Bernardo.

A Condsef divulgou que a paralisação iniciada na quinta-feira já atinge órgãos do Ministério da Agricultura, da Fundação Nacional do Índio (Funai), do Ministério da Fazenda e da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), além do INSS. Segundo a entidade, foram anunciadas paralisações de servidores do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), Centros Federais de Tecnologia em Educação (Cefet), civis da Aeronáutica e Ministério do Trabalho.

Mas um balanço oficial divulgado pelo Ministério da Previdência indica que 14% das agências do INSS ficaram fechadas ontem, enquanto 10% funcionaram parcialmente. De acordo com o balanço, 70% das agências funcionaram. Em relação ao restante das agências, não havia informações.

Paulo Bernardo disse que, sobre o pedido de reajuste dos militares, "alguma coisa terá que ser dada". Ele não especificou quanto nem quando. Na semana que vem, haverá encontro com os sindicalistas.

¿ O governo tem que ver os limites dele e quais os pontos em que existe problema. Vamos conversar. Mas, da forma como estão querendo, não tem jeito. Temos que resolver o problema da Cultura. Na Previdência não temos o que fazer. Já demos 47%, sendo 22% só este ano. Como ficam os militares? ¿ disse Paulo Bernardo.