Título: AMORIM REJEITA PROPOSTA NUCLEAR DE CHÁVEZ
Autor: Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 26/05/2005, O Mundo, p. 29

Chanceler diz que acordo com Venezuela e parceria com Irã não estão na pauta do Brasil

SEUL. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, rejeitou ontem a idéia do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, de fazer um acordo nuclear com o Brasil. Amorim disse que essa proposta não está na pauta, principalmente se for verdadeira a informação de que Chávez quer parceria com o Irã. O chanceler lembrou que o Brasil explora a energia nuclear de forma pacífica e é signatário do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares.

¿ Da maneira como a notícia foi veiculada, com inclusão de países do Oriente Médio, não está na pauta do Brasil ¿ disse.

Ontem, ao se encontrar com o presidente da Coréia do Sul, Roh Moo-Hyun, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou que o Brasil é contra a proliferação de armas nucleares e disse que é melhor aplicar os recursos em educação e alimentação. A Coréia do Sul vive uma relação tensa com a Coréia do Norte justamente porque a última desenvolve um programa nuclear. Em contrapartida, Lula ganhou apoio de Roo Moo-Hyun à campanha do Brasil por uma vaga de membro permanente no Conselho de Segurança da ONU. Segundo Amorim, o presidente coreano disse que a Coréia do Sul se comprometeu a dar ao Brasil o mesmo apoio que já declarou publicamente à Alemanha. Em princípio, a Coréia do Sul é contra a ampliação do Conselho de Segurança porque o Japão ¿ que invadiu o país no passado mais de uma vez ¿ é um dos países favoritos para conquistar uma vaga.

Lula conversou com o colega coreano sobre a questão da ONU, da tensão que a questão nuclear causa na Península Coreana e ainda sobre as negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC). Segundo Amorim, no caso da questão nuclear Lula disse esperar que a Coréia do Norte volte a participar das discussões do chamado Grupo dos 6, que inclui ainda Coréia do Sul, China, Japão, Rússia e EUA. E elogiou a disposição de Roh Moo-Hyun de tentar negociar a questão pelo diálogo. A Coréia foi dividida no fim da Segunda Guerra Mundial e depois, a partir de 1950, as duas Coréias lutaram por três anos.

¿ Temos posição clara contra a proliferação de armas nucleares. O mundo precisa de menos bombas e de mais empregos e comida ¿ disse Lula na Assembléia Nacional.

No jantar ao lado do presidente coreano, Lula reiterou:

¿ O papel decisivo da ONU nesse esforço torna inadiável que o Conselho de Segurança se democratize e recupere sua legitimidade ¿ disse Lula.