Título: GREVE PARALISA ATIVIDADES DA USINA DE ITAIPU
Autor: Roberta Canetti
Fonte: O Globo, 07/05/2005, Economia, p. 37

CURITIBA. Cerca de 1,3 mil funcionários brasileiros da usina de Itaipu, de um total de 1,5 mil, entraram em greve ontem por tempo indeterminado. O piquete começou ainda durante a madrugada junto aos portões da central elétrica em Foz do Iguaçu (PR). Os ônibus com trabalhadores que fariam a troca de turno foram barrados pelos manifestantes, que impediram a entrada de parte dos técnicos de geração de energia, além de empregados das áreas de meio ambiente, administração, dos setores financeiro e de atendimento aos turistas. A usina, que recebe até dois mil visitantes por dia, foi fechada para o público. Os serviços de emergência (áreas médica e de segurança) foram mantidos.

No início da noite, o juiz Luiz Antonio Bernardo, da 1ª Vara da Justiça do Trabalho de Foz do Iguaçu, concedeu uma liminar à Itaipu Binacional proibindo a obstrução do acesso à central elétrica dos funcionários que não aderiram à greve. Com isso, os grevistas devem deixar a passagem livre para os demais trabalhadores e não podem impedir as trocas de turno a partir de hoje.

Os grevistas exigem o aumento da quota de participação nos lucros da empresa. A gratificação oferecida pela direção da Itaipu é equivalente a um salário mensal extra, sendo que o piso é de R$3 mil, mesmo para os trabalhadores que ganham menos do que esse valor por mês. A categoria, que em 2004 recebeu o equivalente a uma remuneração mensal mais 20% de participação nos resultados, reivindica adicional de 90% na gratificação, para compensar o desconto do Imposto de Renda.

Empresa acabou de cortar 15% do orçamento

A direção da usina informou que a proposta está baseada nas possibilidades financeiras da Itaipu e que um aumento na participação nos lucros é inviável. A empresa acaba de anunciar cortes de despesas e investimentos de quase 15% do orçamento, por causa da desvalorização do dólar.

Em assembléia realizada no fim da tarde, os grevistas decidiram manter a paralisação.

¿ Os trabalhadores tomaram uma posição e vamos manter a greve pelo tempo que for necessário ¿ disse o presidente do sindicato dos eletricitários de Itaipu, Assis Paulo Sepp.

No lado paraguaio não há paralisação. A direção de Itaipu, hidrelétrica compartilhada pelo Brasil e o Paraguai, garantiu que a paralisação não compromete o abastecimento nos dois países.

¿ A produção de energia não está sendo nem vai ser afetada pela greve. O abastecimento é normal ¿ afirmou o diretor-técnico de Itaipu, Antônio Otelo Cardoso.