Título: BNDES QUER CONCORRER COM FINANCEIRAS NO CRÉDITO
Autor: Maria Fernanda Delmas
Fonte: O Globo, 06/05/2005, Economia, p. 27

Banco estatal dobra a verba de propaganda para mostrar a empresários suas linhas com juros menores

No próximo dia 15, começa uma maciça campanha publicitária oferecendo crédito a pequenos empresários. Nenhuma novidade numa época em que bancos e financeiras se esforçam para vender suas linhas de crédito, não fosse o anunciante um velho camarada da elite empresarial brasileira: o BNDES. O banco decidiu usar TV, mídia impressa, internet, rádio e eventos para competir com as financeiras que estão fazendo a festa com os empréstimos populares. Com uma campanha que vai até julho, o BNDES pretende espalhar que também pode financiar - e a juros bem menores - os micro, pequenos e médios empresários, de donos de padarias a vendedores de cachorro-quente.

O banco não está lançando produtos, mas quer tornar conhecidos do grande público os instrumentos que já usa para dar crédito. No início do ano passado, ainda na gestão de Carlos Lessa, uma pesquisa encomendada ao Ibope mostrou que 44% dos dois mil entrevistados desconheciam o banco. Entre os entrevistados - de várias faixas etárias e classes sociais A a D - 13% disseram conhecer o BNDES bem, ou mais ou menos, e 38% apenas tinham ouvido falar nele. A pesquisa ainda apontou como marcas negativas do BNDES a lentidão e a restrição (ao crédito), explicou Celso Marcondes, assessor de comunicação da presidência e responsável pelo Plano Estratégico de Comunicação do banco.

Banco quer dobrar número de cartões de crédito

O BNDES então determinou que a verba publicitária de R$14 milhões ao ano - que nem era totalmente gasta, tampouco tinha foco em mídia de massa - pulasse para R$30 milhões. Será esse o montante anual que as duas agências de propaganda que venceram a concorrência este ano para atender ao banco - DPZ e a pernambucana Arcos - terão para gastar durante os quatro anos de contrato.

- O último grande esforço do banco em propaganda foi na época das privatizações (nos anos 90) - afirma Leonardo Laginestra, diretor de Atendimento da DPZ.

A DPZ ficou com a parte institucional e vai mostrar que o banco é acessível a muito mais gente do que se imagina. A missão da agência é apresentar, por exemplo, as recentes medidas de agilização do crédito (que também valem para as grandes empresas). A Arcos será mais didática e vai divulgar o Cartão BNDES - uma espécie de cartão de crédito em que o empresário toma até R$50 mil e, por meio de um portal de internet do BNDES, compra de cerca de mil fornecedores cadastrados.

- A democratização do crédito pode ser um estímulo à formalidade - acredita Antonio Carlos Vieira Junior, sócio e diretor da Arcos.

Hoje, 30 mil empresas têm o Cartão BNDES. Cada uma pegou, em média, R$13 mil, num total que já chegou a R$500 milhões. Os juros são de cerca de 1,5% ao mês, enquanto as financeiras, para empréstimo pessoal, cobravam 11,65% em março, segundo a Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac). O banco quer dobrar o número de cartões com a campanha. A meta é chegar ao fim do ano como uma instituição acessível e com as menores taxas de juros do país.

BNDES VAI FINANCIAR PLATAFORMAS, na página 31