Título: IBAMA AUTUA MADEIREIRAS FANTASMAS NO PA
Autor: Ismael Machado
Fonte: O Globo, 21/04/2005, O País, p. 4

Operação apreende oito mil metros cúbicos de madeira

BELÉM. Pelo menos 40 madeireiras fantasmas foram autuadas durante a Operação Tailândia, realizada pelo Ibama com apoio do Exército e da Polícia Rodoviária Federal, no município de Tailândia, localizado às margens da rodovia PA-150, a 240 quilômetros de Belém. O Ibama autuou e fechou seis serrarias clandestinas e cinco carvoarias, e apreendeu oito mil metros cúbicos de madeira.

A operação, que durou uma semana, detectou uso indevido de documentos chamados Autorização de Transporte de Produto Florestal (ATPF) por empresas fantasmas, com o objetivo de aparentar legalidade a madeiras oriundas de planos de manejo florestal sustentável. Com isso, os agentes constataram a inauguração de uma nova rota de ilegalidade de empresas madeireiras no Pará.

As multas aplicadas pelo Ibama na operação ultrapassaram R$1,5 milhão. Segundo o gerente-executivo do Ibama no Pará, Marcílio Monteiro, o quadro encontrado em Tailândia supera o identificado na operação de Novo Progresso, onde havia 24 madeireiras fantasmas.

¿ As madeireiras criadas no papel causam prejuízos de milhões de reais ao Fisco, abatem milhares de árvores ilegalmente e usam documentos falsos, clonados e adulterados. Uma ATPF vale R$45 mil por metro cúbico declarado para legalizar a lavagem da madeira. Encontramos um paraíso de ilegalidade construído nos últimos quatro anos em Tailândia ¿ disse Monteiro.

O esquema utilizado pelas falsas madeireiras consistia em abrir uma empresa no papel, sem existência real. Ao procurar o endereço das madeireiras, os fiscais do Ibama esbarravam em terrenos abandonados, mata fechada ou locais inexistentes. As empresas compravam as ATPFs de empresas legais e maquiavam o documento, negociando madeira retirada de áreas onde há planos de manejo sustentável. Com as ATPFs, as madeireiras fantasmas acabavam dando aparência de transação legal a madeira de origem ilegal.

De acordo com o Ibama, o patrimônio ambiental dilapidado pelas madeireiras clandestinas e fantasmas nos últimos quatro anos na região de Tailândia representa, por mês, a perda de mais de cinco mil árvores de diversas espécies, algumas nobres.