Título: PARA MÚLTIS, BRASIL PODE COMPETIR EM SOFTWARE
Autor: Geralda Doca
Fonte: O Globo, 02/04/2005, Economia, p. 31

Porém, carga tributária e falta de domínio do inglês são entraves

BRASÍLIA. Uma pesquisa do Ministério do Desenvolvimento com 29 dirigentes de multinacionais revela que a falta de domínio do inglês, baixa qualificação profissional, legislação trabalhista rígida e carga tributária elevada são impedimentos para que as companhias internacionais comprem aqui softwares e serviços ligados à tecnologia de informação. Apesar disso, 57% das multinacionais consultadas consideram que o Brasil tem custos competitivos para brigar por um mercado que movimenta anualmente US$300 bilhões em todo o mundo.

Participaram da pesquisa ¿ que tem como objetivo buscar meios para atingir a meta do governo de exportar US$2 bilhões em softwares e serviços correlatos até 2007 ¿ empresas como Volkswagen, Alcoa, Bayer, Cargill, Nestlé, Caterpillar, IBM, Monsanto, Bosch, entre outras companhias da elite industrial. Segundo dados da Secretária de Comércio Exterior (Secex), em 2004, essas empresas compraram no exterior o equivalente a US$400 milhões, com a terceirização de serviços na área de tecnologia de informação.

De acordo com o levantamento, 57% dos executivos ouvidos consideraram os custos brasileiros competitivos de forma geral. Outros 24% disseram que os custos, sobretudo com mão-de-obra, poderiam ser menores se não fossem os encargos sociais. A pesquisa mostrou também que para 14% das empresas, a legislação trabalhista brasileira está ultrapassada, é restritiva e representa um custo muito elevado para as companhias. Para 29% dos entrevistados, o idioma é um dos obstáculos para que as companhias terceirizem esse tipo de serviço no Brasil.

Nessa mesma proporção ficaram as reclamações sobre a alta carga tributária, principalmente o PIS e a Cofins.