Título: APURAÇÃO LENTA NO MINISTÉRIO PÚBLICO
Autor: Jailton de Carvalho e Carolina Brígido
Fonte: O Globo, 02/04/2005, O País, p. 8

Procurador que investigou Cachoeira pode ser suspenso

BRASÍLIA. Já dura quase um ano o suspense sobre o futuro do subprocurador-geral da República José Roberto Santoro no Ministério Público. Em abril de 2004, a corregedoria da instituição abriu sindicância para apurar denúncias de desvio de conduta de Santoro na condução das investigações sobre a relação do ex-assessor parlamentar do Palácio do Planalto Waldomiro Diniz com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. A tendência é que o procurador não seja punido com a pena máxima do afastamento definitivo de suas atividades. A pena poderá se limitar à suspensão.

A investigação começou em 1º de abril de 2004, quando o ¿Jornal Nacional¿ divulgou uma gravação em que o procurador interroga Cachoeira, na sede do Ministério Público Federal, de madrugada. Santoro pediu que o empresário desse logo as informações solicitadas antes que seu superior, o procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, chegasse. E disse que Fonteles não permitiria que o Ministério Público prejudicasse o governo federal.

Outras faltas graves supostamente cometidas por membros do Ministério Público estão sendo analisadas pela corregedoria da instituição. É o caso do subprocurador-geral da República Antônio Augusto César, apontado como um dos integrantes do esquema de venda de sentenças judiciais desvendado pela Operação Anaconda. Enquanto a corregedoria analisa os indícios, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) abriu processo contra o procurador e o afastou de suas atividades em setembro passado. (Carolina Brígido e Jailton de Carvalho).