Título: Nomeação já tinha sido polêmica
Autor: Adriana Vasconcelos e Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 02/04/2005, O País, p. 3

NÃO APENAS A DEMISSÃO, MAS A NOMEAÇÃO DO EX-SENADOR CARLOS BEZERRA PARA A PRESIDÊNCIA DO INSS FOI ALVO DE POLÊMICA POR CAUSA DO PASSADO DO PEEMEDEBISTA. BEZERRA É INVESTIGADO PELA POLÍCIA FEDERAL, PELO MINISTÉRIO PÚBLICO E PELA CONTROLADORIA GERAL DA UNIÃO. O PROCURADOR DA REPÚBLICA PEDRO TAQUES AFIRMA TER INDÍCIOS DO DESVIO DE R$1,5 MILHÃO DA EXTINTA SUDAM PARA UMA FAZENDA DE BEZERRA. OUTRA LINHA DE INVESTIGAÇÃO REFERE-SE A UM CHEQUE DO EX-SENADOR, DE R$1,1 MILHÃO, APREENDIDO NUMA EMPRESA DE JOÃO ARCANJO RIBEIRO, O CHEFE DO CRIME ORGANIZADO EM MATO GROSSO. Já a Controladoria Geral da União investiga o desvio de R$1,540 milhão referentes a um convênio com a Secretaria de Recursos Hídricos, que destinava recursos para o município de Pedra Preta (MT). Segundo a denúncia, o dinheiro, previsto em emenda apadrinhada por Bezerra, seria destinado à construção de um açude que não saiu do papel.

Em Rondonópolis, reduto político de Bezerra, o ex-senador é investigado pela Polícia Federal, num inquérito que apura a suspeita de desvio de recursos e de violação do artigo 315 do Código Penal que impede a aplicação de verbas públicas para fins diversos dos previstos em lei.

Além disso, gravações telefônicas com autorização judicial indicam que Bezerra participou entre 2000 e 2001 de uma rede de proteção ao prefeito eleito de Juscimeira, José Rezende da Silva, o Zé da Guia. Acusado de ter assassinado um agricultor, Zé da Guia estava com prisão preventiva decretada na época.