Título: FUNDO CAMBIAL FOI A MELHOR APLICAÇÃO DE MARÇO
Autor: Patrícia Eloy
Fonte: O Globo, 01/04/2005, Economia, p. 29

Investimento que acompanha variação do dólar rendeu 4,47%. FGTS-Petrobras ficou em último lugar no ranking

As incertezas em relação à trajetória dos juros nos EUA e, por causa disso, em relação ao fluxo de recursos para países emergentes fizeram dos fundos cambiais a aplicação mais rentável de março, com ganhos líquidos ¿ isto é, descontado o Imposto de Renda (IR) ¿ de 4,47%. Em março, o investimento atraiu R$181 milhões em novos recursos. Os dados são da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), até o dia 28 do mês. No mesmo período, o dólar subiu 5,14%. No fechado do mês, a valorização da moeda americana foi de 3,01%.

Em segundo lugar, ficaram as aplicações mais conservadoras, como os fundos DI e de renda fixa, que tiveram ganhos de 1,35% e 1,31% no mês, respectivamente. Já os fundos multimercado renderam 1,08% até o dia 28.

Para Mário Battistel, diretor de câmbio da corretora Novação, apesar da forte alta em março, a tendência do dólar é de queda e a aplicação, portanto, é arriscada para quem não tem dívidas vinculadas à moeda americana.

¿ No início do mês, o mercado de câmbio passou por um período de turbulência, diante dos temores de que os juros subissem mais fortemente nos EUA, reduzindo a atratividade das aplicações em países emergentes, o que afetaria o fluxo de dólares. Parte desses temores estão afastados a curto prazo. Se o Banco Central (BC) não retomar a compra de dólares no mercado, a tendência da moeda deve ser de queda, acompanhando o movimento no mercado internacional ¿ avalia Battistel.

FGTS-Vale teve rendimento negativo de 6,96% no mês

Na lanterninha, ficaram as aplicações em renda variável, também prejudicadas pelo receio de elevação dos juros americanos e influenciadas pelo embolso de lucro dos investidores após meses de ganhos elevados. O FGTS-Petrobras teve as maiores perdas: 9% no mês, seguido pelo FGTS-Vale do Rio Doce, com desvalorização de 6,96%, segundo dados da Anbid. No fechado do mês, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) recuou 5,43%.

No mercado financeiro, os investidores ficaram atentos ontem aos indicadores da economia americana. Os pedidos de seguro-desemprego aumentaram em 20 mil na semana encerrada em 26 de março. Com isso, a taxa anualizada ficou em 350 mil pedidos, acima das projeções dos analistas, em torno de 320 mil. Já o índice de preços dos consumidores (PCE) ficou em linha com as expectativas, em alta de 0,3% em fevereiro.

Os indicadores reduziram as apostas de uma alta mais forte nos juros dos EUA. Com isso, o dólar caiu pelo quinto dia consecutivo: 0,30%, cotado a R$2,668. O risco-Brasil recuou 1,09%, para 454 pontos centesimais e o Global 40 subiu 1,14%, para 111,35% do valor de face. A Bolsa subiu 0,53%. Segundo levantamento da Economática, apenas cinco das 53 ações do Ibovespa encerraram o mês em alta: Tractebel ON (32,82%), Net PN (17,48%), Embratel Participações PN (7,12%), Brasil Telecom Participações ON (2,34%) e AmBev PN (0,78%).