Título: SEQÜESTRADORA DIZ QUE AGIU POR AMOR
Autor: Roberta Canetti
Fonte: O Globo, 16/03/2005, O País, p. 8

No Paraná, cabeleireira afirma que roubou bebê para reatar com ex-namorado

CURITIBA. O seqüestro da recém-nascida Gabriele, tirada dos braços da mãe na enfermaria do Hospital Evangélico, em Curitiba, foi uma tentativa da cabeleireira Márcia de Freitas Salvador, de 32 anos, de reatar um namoro. Em depoimento à polícia, ela contou que sofreu um aborto espontâneo em agosto de 2004 e decidiu seqüestrar a criança para apresentar ao ex-namorado, Edson Luís Túlio, como a filha do casal. Ela disse que não planejou o seqüestro:

¿ Foi de um dia para o outro. Foi por amor a Edson.

E foi o ex-namorado quem entregou a seqüestradora à polícia. Por uma denúncia anônima, a polícia chegou até Edson, que acompanhou os policiais ao apartamento de Márcia, na periferia de Curitiba.

Família e ex-namorado não sabiam sobre aborto

A cabeleireira se disse arrependida do que fez e chorou ao ser apresentada à imprensa. A família e o ex-namorado não sabiam do aborto. Para eles, Márcia disse que teria o bebê em São Paulo e voltaria após o nascimento. Ao receber a ex-namorada com a menina, Edson desconfiou que havia algo errado. Ele pediu que ela mostrasse os documentos da criança, mas a cabeleireira não tinha os papéis. Márcia foi autuada em flagrante e pode ser condenada a pena de um a três anos de prisão. Ela tem uma filha de 12 anos.

Gabriele foi devolvida aos pais anteontem à noite e ainda está na maternidade com a mãe, Joseane Baggio, que se recupera da cesariana e do impacto emocional com o sumiço do bebê por dois dias. A recém-nascida chegou ao hospital no colo da delegada que conduziu as investigações e mamou assim que reencontrou a mãe. Gabriele fez exames e passa bem. O pai, João Batista dos Santos Carlos, que não saiu do hospital desde que a filha foi levada, pôde pegar a menina no colo de novo.

¿ Agora, só quero paz na minha vida. Só quero cuidar da minha filha. O resto está resolvido ¿ disse ele, afirmando que desistiu de processar o hospital por causa do sumiço da filha.

O diretor-geral do Hospital Evangélico, Charles London, informou que uma comissão de sindicância vai apurar se houve erro no procedimento dos seguranças e funcionários, que não perceberam a presença da falsa enfermeira.

¿ Se houve alguma falha, será corrigida. Em 50 anos de atividade do hospital, nunca havia acontecido algo assim. ¿ afirmou London.