Título: Brasil testará exame definitivo para hanseníase
Autor: Formenti, Lígia
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/02/2013, Vida, p. A16

Análise - feita em 10 minutos com uma gota de sangue - resultará em diagnóstico precoce; Brasil é um dos líderes em nº de casos

Um teste rápido para diagnós­tico de hanseníase, apontado como promissor na redução de casos da doença, deve come­çar a ser usado no Brasil ainda neste ano. Desenvolvido em parceria pelo Instituto de Pes­quisas Infecciosas (Idri), dos Estados Unidos, e a empresa brasileira OrangeLife, o exa­me é feito em menos de 10 mi­nutos, com apenas uma gota de sangue do paciente.

"Os grandes avanços no trata­mento de doenças geralmente são constatados em duas oca­siões: uma inovação tecnológica ou uma mudança de estratégia. Esse teste associa as duas situa­ções", avalia o secretário de Vigi­lância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa. Hoje, não há um exame definitivo para identificar a hanseníase, o que di­ficulta o diagnóstico precoce.

O País é um dos líderes em nú­mero de casos. Em 2011, foram registrados 33.955 pacientes.

Desse total, 2.420 tinham menos de 15 anos - um indicador de que a transmissão continua ativa.

Apesar do alto número de ca­sos, diz Barbosa, a doença está concentrada em algumas re­giões. "Boa parte dos médicos não tem familiaridade com a doença", conta. Isso faz com que muitos, para evitar erro na pres­crição, indiquem o tratamento só quando o quadro está bem de­finido. Além de agravar a situa­ção do paciente, tal comporta­mento permite contaminação.

A hanseníase é transmitida.

"O diagnóstico precoce é um dos caminhos essenciais pa­ra reduzir o número de casos", diz o secretário.

Inicialmente, o teste deverá ser feito em dois Estados, a se­rem definidos. No páreo estao Ceará, Pernambuco e Matò Gros­so. Na próxima semana, uma reu­nião entre representantes do go­verno e da OrangeLife dever ser feita para acertar os detalhes.

Barbosa diz que, na primeira etapa, o teste será acompanhado por representantes de centros de referência. "Vamos avaliar co­mo o teste se comporta no mun­do real. Que tipo de treinamento profissionais terão de fazer para aplicar o teste, identificar even­tuais dificuldades", afirma.

Além de melhorar o diagnósti­co precoce, o teste dará maior agilidade para a busca por pes­soas que tiveram contato com in­fectados. "Quanto mais rápida a identificação, maiores as chan­ces de reduzir de forma significa­tiva o número de casos."

Preço baixo. O presidente da OrangeLife, Marco Collovati, afirma que a unidade do teste não deverá custar mais de US$ 1. Ainda não foi acertado quantas unidades poderiam ser usadas nessa primeira etapa. "Ele é mui­to fácil de ser usado. Além de in­formação ágil, ele pode dar maior independência para equi­pes de saúde", diz.

O produto foi desenvolvido em 2012 nos Estados Unidos.

Em dezembro, recebeu o regis­tro da Agência Nacional de Vigi­lância Sanitária (Anvisa). Além do kit de diagnóstico, a empresa desenvolveu um aplicativo para ser usado em smartphones. O dispositivo, de acordo com Col­lovati, pode melhorar a interpre­tação do teste e facilitar o regis­tro das informações em bancos de dados.

Doença infecciosa, a hansenía­se atinge pele e nervos dos bra­ços, mãos, pernas, pés e cabeça. O tempo entre contaminação e primeiros sintomas varia de dois a cinco anos. Os sinais de alerta são manchas brancas, averme­lhadas ou amarronzadas, com sensação de formigamento e re­dução da sensibilidade ao calor, frio e toque.

O tratamento, gratuito, dura de seis meses a um ano. Todos os pacientes submetidos à terapia podem ser curados.

5,2 casos por 100 mil habitantes foram identificados entre menores de 15 anos, em 2011

29.690 pessoas estavam em tratamento de hanseníase no mesmo ano por contato prolongado com um doente.

-------------------------------------------------------------------------------- adicionada no sistema em: 21/02/2013 02:32