Título: Balança tem superávit de US$ 12,9 bi no semestre
Autor: Rodrigues, Eduardo
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/07/2011, Economia, p. B10

Um terço do resultado foi obtido em junho, quando o saldo positivo ficou em US$ 4,4 bi

A balança comercial brasileira acumulou superávit de US$ 12,9 bilhões no primeiro semestre do ano, com mais de um terço do resultado obtido apenas em junho. O desempenho recorde das vendas ao exterior, puxadas pelas commodities, pode levar o governo a revisar novamente a meta de exportações para 2011.

No mês passado, a balança registrou saldo positivo de US$ 4,4 bilhões, resultado de exportações de US$ 23,6 bilhões - desempenho inédito para o período - e importações de US$ 19,2 bilhões.

Entre janeiro e junho, os embarques totalizaram US$ 118,3 bilhões, uma expansão de 31,6% frente ao registrado nos primeiros seis meses de 2010. "Com a expansão das exportações a esse ritmo, é possível que haja uma nova revisão na meta de exportações no próximo mês", afirmou o secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Alessandro Teixeira.

No início de maio, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, já havia elevado a meta original para este ano de US$ 228 bilhões para US$ 245 bilhões.

O ritmo de avanço registrado no primeiro semestre supera com folga a previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI) de um crescimento de 18% nas trocas comerciais globais este ano. "A tendência é que o Brasil ganhe espaço no comércio mundial", avaliou a secretária de Comércio Exterior do Ministério, Tatiana Prazeres. No ano passado, a participação do Brasil era de 1,36%.

Commodities. Mas a expansão surpreendente das exportações em 2011 se deve principalmente ao contínuo avanço das cotações dos preços das commodities no mercado internacional. Tanto que a velocidade de crescimento das vendas de produtos básicos chegou a 44% até junho, bem acima dos aumentos registrados em bens intermediários e industrializados, de 29,7% e 19,1%, respectivamente.

O carro-chefe dos embarques nacionais tem sido o minério de ferro, cujas vendas em valor no primeiro semestre superaram em 93% o desempenho obtido no mesmo período de 2010. No entanto, a quantidade vendida do produto só cresceu 4% nessa comparação, enquanto o preço subiu 85%. O mesmo movimento ocorre com outros produtos importantes da pauta exportações, como petróleo, soja e café.

"Não sabemos se o aumento dos preços das commodities é conjuntural ou se é estrutural, devido ao aumento da demanda. Seria ingênuo da minha parte afirmar que é apenas especulação", argumentou Teixeira. Ele destacou, porém, que além do forte aumento das vendas de básicos, as exportações brasileiras nos outros segmentos também estão acima da previsão do FMI.

Com um superávit comercial tão expressivo nos primeiros seis meses do ano, nem mesmo as importações recordes de US$ 105,3 bilhões no semestre incomodam Teixeira. O valor superou em 28,5% o registrado até junho do ano passado. "As importações seguem em um ritmo bom", afirmou.