Título: Nota de escolas técnicas cai no Saresp
Autor: Balmant, Ocimara
Fonte: O Estado de São Paulo, 20/05/2011, Vida, p. A18

Apesar de manter notas 20% maiores que as registradas pelos colégios estaduais regulares, as escolas técnicas (Etecs) tiveram queda de rendimento no Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) realizado em 2010.

Números do exame, divulgados ontem pela Secretaria Estadual de Educação, mostram que, em 2010, a média dos alunos do 3.º ano do ensino médio das 116 Etecs foi menor que a obtida em 2009, quando 84 delas foram avaliadas. Naquele ano, as escolas técnicas participaram pela primeira vez da prova paulista que avalia as redes estadual, municipal e particular - as duas últimas por adesão voluntária.

A média foi menor nos dois conteúdos avaliados: língua portuguesa e matemática. No primeiro, caiu de 329,2 para 316,8. O índice que mede as competências em exatas diminuiu de 340,7 para 322,5 pontos.

Para Maria Helena Guimarães, ex-secretária de educação do Estado de São Paulo, a baixa precisa ser investigada. Dentre as hipóteses para a queda do rendimento, ela sugere alta abstenção, proximidade com data de vestibulares e com o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e até um possível desinteresse pelo processo de avaliação. "Uma queda de 15 a 20 pontos equivale mais ou menos ao que se aprende em um ano de estudo", afirma Maria Helena.

Metodologia. Os dados do Saresp dividem o rendimento dos alunos em três faixas: insatisfatório, suficiente e avançado. No caso da queda do rendimento das Etecs, segundo o professor Ocimar Alavarse, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), alguns pontos merecem destaque. O primeiro item a ser considerado, segundo Alavarse, é o crescimento do porcentual de alunos que obtiveram rendimento insatisfatório na prova de português: o índice subiu de 4,4% , em 2009, para 9,1% em 2010. Mais que o dobro.

Na prova de matemática, dois fatores explicam a queda. O primeiro é a diminuição sensível do índice de alunos que estavam no patamar avançado: baixou de 14,2% para 5,1%. O segundo é o crescimento do número de estudantes que terminaram o ensino médio com rendimento insatisfatório, isto é, sem domínio suficiente dos conteúdos, competências e habilidades desejáveis. O porcentual subiu de 12,9% para 19,2%. "Não é pouca coisa. De cada dez, dois estão abaixo do mínimo", diz Alavarse.

Comparação. Apesar de as Etecs registrarem nota menor se comparadas a elas mesmas, o desempenho delas foi superior ao das escolas particulares. Em português, os alunos de Etecs conseguiram 316,8 pontos, contra 307,4 das particulares. Em matemática, as escolas técnicas estaduais obtiveram 322,5 pontos, contra 321,1 das particulares. / COLABOROU F.B.

Investigação

MARIA HELENA GUIMARÃES EDUCADORA E EX-SECRETÁRIA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO

"O aumento de alunos com nota abaixo do básico e a queda avançada de desempenho de um ano para outro são sinais que precisam ser melhor investigados."

"As escolas técnicas, em geral, costumam ter desempenho melhor nas avaliações porque selecionam os alunos, enquanto o ensino médio regular não faz isso. Os resultados chamam a atenção e indicam uma tendência nova."