Título: E dia de comemoração. Não é onda verde nem azul, é onda verde e amarela
Autor: Duailibi, Julia
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/10/2010, Eleições 2010, p. H3

Dia de decisão

Confiante no segundo turno, Serra já anunciava peLa manhã que não mudará estratégia em nova rodada da disputa

Minutos depois de votar e ainda sem imaginar o resultado do pleito, o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, já defendia o segundo turno das eleições "para o bem do Brasil". Mesmo antes de terminada a votação, o tucano afirmava que não haveria mudanças em sua campanha caso houvesse uma segunda rodada na disputa presidencial.

"Se Deus quiser, nós vamos para o segundo turno", declarou Serra ao deixar o Colégio Santa Cruz, na zona oeste paulista, onde votou por volta da uma hora da tarde. O candidato chegou ao local acompanhado da mulher, Monica, e do candidato a vice Índio da Costa. Também fora ao local o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), e o candidato ao governo paulista pelo PSDB, Geraldo Alckmin .

O presidenciável não quis comentar sobre um eventual apoio do PV, de Marina Silva, num segundo turno. "Vamos esperar", disse, após conceder entrevista na frente do local de votação.

Serra demorou 1 minuto e 23 segundos para pressionar todos os números da urna eletrônica. Tirou uma colinha do bolso, colocou os óculos e começou a.digitar. Depois, posou para fotos fazendo o número 45, o do seu partido, com as duas mãos.

"Hoje é um dia de comemoração democrática. Estamos num País multicolorido. Não é onda verde, nem azul. É onda verde e amarela. Brasileiros que querem um governo honesto, que sabem que o Brasil não tem dono, que o dono é o nosso povo", declarou o candidato, citando, mais uma vez, a expressão "onda verde", usada por Marina.

Antes de deixar o local, Serra elogiou o governador Alberto Goldman, seu substituto no Palácio dos Bandeirantes, dizendo que o tucano teve comportamento "exemplar" durante o processo eleitoral. A Procuradoria Eleitoral pediu mUlta ao tucano por entender que o governador fizera evento pró-Serra em fase de pré-campanha, o que é vedado por lei.

Também citou Alckmin - "nosso companheiro de tantas eleições" -, Aloysio Nunes Ferreira, candidato pelo PSDB ao Senado, Kassab e Índio.

"Nós construímos um regime democrático, mais forte que os abalos que tem sofrido uma ou outra vez, comportamentos que tendem a hostilizar todas as regras deste jogo democrático. Mas nós construímos instituições sólidas no Brasil. Isso vale ouro para o nosso futuro e é fundamental para as nossas crianças, para os nosso adolescentes", disse o candidato.

Ao "cumprimentar" a imprensa que o acompanhou durante a campanha, disse que defenderá a liberdade de imprensa, "aconteça o que acontecer no Brasil". "Tudo o que ela souber que está acontecendo no Brasil, essa é a garantia que nós temos para a democracia e para o futuro de melhor ética, de melhor qualidade moral dos governos no Brasil nas suas três esferas."

Serra ainda conversou com os programas humorísticos Pânico, da RedeTV, e CQC brasileiro, da Band, e o argentino. Do Pânico, recebeu algumas bolsas, numa alusão ao Bolsa-Familia. Ainda mostrou seu documento de votação para a integrante do programa Sabrina Sato.

Do CQC, ouviu que poderia disputar a presidência do Palmeiras, já que estava indo "mal" na eleição. "Não vou disputar com o Belluzzo", afirmou Serra citando o presidente do clube, seu amigo Luiz Gonzaga Belluzzo.

Depois de votar, Serra despistou a imprensa em três momentos. Primeiro foi para a casa da filha, Verônica, no Morumbi. Depois, deixou o local pela porta dos fundos e foi até a casa do amigo Andrea Matarazzo. Lá recebeu a filha, o genro e uma neta. Seguranças fecharam a rua para que os jornalistas não o seguissem.